As igrejas contra o governo
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As igrejas contra o governo


Algumas das mais importantes igrejas cristãs brasileiras estão assumindo posições públicas e se manifestando de forma contrária às propostas de maior impacto social encaminhadas pelo governo Temer, como as reformas trabalhistas, da Previdência e a Emenda Constitucional 241, que congelou por 20 anos os investimentos do país nas áreas de educação e saúde.

Desumanidade, crueldade, ilegitimidade são algumas das definições usadas pelos cristãos para classificar as propostas do governo. Frades franciscanos chegaram a comparar o processo de votação das reformas previdenciária e trabalhista com a pressa de Judas Iscariotes em trair e entregar Jesus Cristo às autoridades para ser seviciado e morto. As posições da Igreja Católica foram comunicadas pessoalmente ao presidente Michel Temer e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pelos representantes da CNBB.

Desumano

Ontem mais uma igreja histórica se manifestou publicamente contra as reformas trabalhista e da Previdência do governo Temer. Seguindo o exemplo dos católicos, agora foi a vez da Igreja Anglicana do Brasil combater as propostas que irão impactar a vida dos trabalhadores brasileiros:

"O impacto de uma reforma desta índole para a Previdência Social do Brasil é desumano, cruel e devastador, com consequências que levarão para a miséria extrema a milhões de pessoas, e forçarão outros tantos milhões a trabalharem até sua morte", disse a entidade; para a instituição, as reformas são um "sinal de governantes ilegítimos que, não conseguindo defender esta agenda em um processo democrático com participação popular ampla, o fazem usurpando os poderes que pertencem ao conjunto de cidadãs e cidadãos do Brasil".

Justiça

No dia 31 de março, em seu site oficial, a Igreja Metodista havia divulgado um manifesto assinado por bispos referente às últimas votações que envolvem projetos voltados para economia nacional. O grupo aborda especificamente os Projetos de Emenda Constitucional 241, que congela gastos em áreas como saúde e educação, e a reforma da Previdência.

“É senso comum de várias vertentes de análises que o atual governo executivo, bem como o legislativo vem tomando medidas que afetam negativamente os empobrecidos do nosso país”, afirma o documento, que convoca não apenas metodistas, mas todas pessoas interessadas em buscar paz e justiça, como menciona o verso escolhido para abrir o documento: E o efeito da justiça será paz, e operação da justiça, repouso e segurança para sempre (Isaías 32:17).

No manifesto, a liderança metodista brasileira defende os direitos conquistados através de movimentos populares.

“Quem falará pelo povo? Acreditamos que o próprio povo tem essa responsabilidade. Para isso deve se utilizar de todos os mecanismos de pressão política para exigir que Deputados/as Federais e Senadores/as e o próprio Governo parem de produzir leis e projetos de leis que tiram ou que diminuam direitos conquistados sob muita luta através de seus órgãos representativos como os Sindicatos, ou pelo próprio povo em movimentos de rua.”, explica o texto.

Judas

A Igreja Católica também tem repudiado as propostas do governo tanto através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) quanto através de algumas de suas ordens religiosas. Ainda no último daí 31, a Conferência dos Frades Menores do Brasil, da ordem fundada por São Francisco em 1209, lançou uma nota dura contra as reformas do governo Temer, por ocasião do Dia Nacional de Mobilização.

Os franciscanos compararam a pressa do governo Temer em aprovar as reformas com a pressa de Judas para entregar Jesus aos poderosos de então: “O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.” A nota tem o título de Carta Aberta ao Povo Brasileiro contra a Subtração de Direitos Fundamentais.

Os nove líderes regionais da Ordem dos Frades Menores (OFM), além do Definidor Geral da Ordem, sediado em Roma, Frei Valmir Ramos, OFM, estão reunidos em Olinda (PE) desde a última segunda (27). Os Franciscanos Menores são o maior dos três ramos tradicionais daquela que é conhecida como família franciscana, composta também pelos Capuchinhos e Conventuais. Os Frades Menores são em mais de 14 mil no mundo e cerca de mil no Brasil.

Na nota, os franciscanos afirmam que as reformas, sobretudo a da Previdência e a terceirização das relações trabalhistas soam como uma corrida das elites para “à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.”

Os líderes franciscanos terminam sua carta lançando uma convocação à mobilização contra as reformas: “Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.”

Exclusão

Após se reunirem por três dias, os dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestaram-se no dia 23 de março contra a reforma da Previdência e a favor da redução do número de autoridades com direito a foro privilegiado. De acordo com a CNBB, a proposta de emenda à Constituição (PEC) em debate no Congresso reduz a Previdência a uma questão econômica e “escolhe o caminho da exclusão social”.

Em entrevista convocada para comentar os principais temas em debate no país, o presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, criticou também o projeto que libera a terceirização em todas as atividades das empresas, aprovado pela Câmara dos Deputados. Segundo dom Sérgio, o “risco de precarização das relações de trabalho” e de “perda de direitos é muito grande”.

Em nota pública, a CNBB manifesta apreensão com o debate sobre mudanças na aposentadoria e pede que as contas da Previdência sejam mais transparentes. “Os números do governo federal que apresentam um déficit previdenciário são diversos dos números apresentados por outras instituições, inclusive ligadas ao próprio governo. Não é possível encaminhar solução de assunto tão complexo com informações inseguras, desencontradas e contraditórias. É preciso conhecer a real situação da Previdência Social no Brasil. Iniciativas que visem ao conhecimento dessa realidade devem ser valorizadas e adotadas, particularmente pelo Congresso Nacional, com o total envolvimento da sociedade”, dizem os bispos, no comunicado.

Os representantes da CNBB reuniram-se no dia 20 com o presidente Michel Temer e, depois, com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. “Fomos para dialogar. Manifestamos a nossa preocupação com os projetos que tramitam no Congresso, sobre a reforma da Previdência e sobre as matérias que tratam dos direitos indígenas”, afirmou o secretário-geral do CNBB, Leonardo Steiner. As notas públicas foram aprovadas após reunião do Conselho Permanente da CNBB.

Apesar de convocar os católicos a se mobilizar em torno do tema, os bispos não propuseram ação direta nas comunidades. Para o cardeal, atitudes como, por exemplo, divulgar críticas à reforma durante as missas, vão depender de cada padre. “Queremos que esse tema seja debatido de alguma maneira nas nossas comunidades, que seja objeto de reflexão e de estudo. Mas não entramos em detalhe sobre as iniciativas concretas, que deverão ficar a cargo dos bispos diocesanos e, particularmente, das comunidades”, afirmou dom Sérgio.

Foto: Padres franciscanos se manifestam contra a Reforma da Previdencia durante o Encontro Nacional dos Franciscanos (foto: Frei Orestes Serra)

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