1 de dez de 20203 min
Lidiane Biezok, que foi presa em flagrante após ofender e agredir funcionários e clientes da padaria Dona Deôla, na Zona Oeste da capital paulista, no dia 20 de novembro, foi denunciada nesta terça-feira (1º) pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) por injúria racial, lesão corporal e homofobia. A defesa de Biezok, entretanto, alega que ela tem problemas psiquiátricos e tem que ser liberada porque precisa de tratamento médico.
A agressora, de 45 anos, apesar do flagrante, teve a prisão domiciliar concedida pela Justiça por ter declarado sofrer de "problemas psiquiátricos", segundo informou a assessoria do Tribunal de Justiça (TJ-SP). Na ocasião, ela se apresentou como advogada, mas segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Lidiane não tem registro na entidade.
"Vamos aguardar o recebimento ou não da denúncia pelo magistrado. Estudaremos a possibilidade de instauração de incidente de insanidade mental para apurar se nos momentos dos fatos Lidiane tinha ou não ciência ou capacidade dos atos dela”, informou o advogado da agressora, Victor Martinelli Paladino, nesta terça-feira, em entrevista ao G1.
Quando falou com a imprensa após três dias, Biezok pediu desculpas às vítimas e disse sofrer de bipolaridade e depressão.
“Esse problema de depressão é genético, é grave, não é uma depressãozinha, entendeu? É uma depressão para o resto da vida, é bipolaridade. É uma coisa complicada, é complexo”, afirmou ela, que também se disse arrependida e que não quis ofender e agredir ninguém.
"Eu gostaria muito, muito mesmo de dar um abraço neles e falar: 'Desculpa, cara. Desculpa, perdão'", declarou.
Reincidente
A denúncia foi feita pela promotora Martha de Camargo Duarte Dias. Caberá à juíza Carla de Oliveira Pinto Ferrari, da 20ª Vara Criminal, no Fórum da Barra Funda, bairro da Zona Oeste de São Paul, decidir se aceita a acusação. Se concordar com o MP, ela se tornará ré no processo.
O agravante para Lidiane Biezok é que não é a primeira vez que é acusada por xingar e bater nos outros. Em 2005, ela havia sido acusada de calúnia, injúria e difamação. E, em 2007, respondeu por lesão corporal. Também há outros boletins de ocorrência contra ela por crimes parecidos. Mas os dois processos foram suspensos na Justiça. O motivo seria o fato de a ré ter depressão, o que a impediria também de exercer a advocacia, segundo policiais ouvidos pelo G1.
Segundo sua defesa, a família confirmou que ela cursou faculdade de direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital, em 2003, quando se tornou bacharel. Mas não fez o concurso da OAB.
O caso
A confusão começou depois que clientes filmaram Lidiane humilhando uma atendente da padaria. A mulher ainda atirou objetos nos funcionários e quebrou uma TV, segundo testemunhas.
Na filmagem, a mulher aparece jogando guardanapos na direção de uma funcionária a quem ofende enquanto reclama do lanche. Segundo o MP, a vítima pode fazer uma representação contra Lidiane por crime contra a honra.
Em seguida, a gravação mostra o artista Kelton Campos Fausto, de 24 anos, se aproximando de Lidiane e falando: "Ela não está aqui para te servir, amore. Ela não vai te servir".
As imagens também mostram o artista Ricardo Boni Gattai Siffert, de 24 anos, sendo xingado por Lidiane com ofensas homofóbicas. "Eu sou advogada internacional, cala a sua boca, sua bicha do cara...". Ricardo não reagiu.
Os vídeos foram analisados pelo 91º Distrito Policial (DP) que registrou o caso. A investigação é feita pelo 23º DP, em Perdizes, São Paulo.