29 de jan de 20212 min
Depois de dizer no início de janeiro que "o Brasil está quebrado" para justificar que não pode mexer na tabela do imposto de renda para beneficiar quem ganha até R$ 3 mil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira que "vai quebrar o Brasil", se for aprovada uma nova rodada do auxílio emergencial aos mais vulneráveis.
"Lamento, o pessoal quer que continue, vai quebrar o Brasil. Vem inflação, descontrole da economia, vem um desastre atrás disso aí. E todo mundo vai pagar caríssimo. E temos que trabalhar", disse Bolsonaro em transmissão ao vivo nas suas redes sociais.
Em 5 de janeiro, o presidente disse que "o Brasil está quebrado" e que não consegue "fazer nada", e ainda responsabilizou a imprensa pelo fracasso, dizendo que haveria "um trabalho incessante de tentar desgastar" para tirá-lo e "atender interesses escusos da mídia", afirmando também que a pandemia que já matou mais de 220 mil mortes é "potencializada" pela imprensa.
Já o presidente do Banco Central, Campos Neto, que também participou de transmissão ao vivo, afirmou que o problema da economia é de credibilidade.
"Localmente a gente tem um desafio mais difícil para o Banco Central, mais difícil para a equipe econômica, que você pode ter no curto prazo um crescimento não tão robusto, mas uma inflação subindo. O que faz esse par ordenado melhorar é a credibilidade. Com credibilidade você consegue ter um crescimento menor, com uma inflação menor", disse Campos Neto reforçou a preocupação com os gastos do governo e o rombo de R$ 743 bilhões nos cofres públicos em 2020, sem mencionar o aumento de 20% com gastos do governo, no valor de R$ 1,8 bilhão, em alimentação em plena pandemia da Covid-19.
O presidente do BC ressaltou a importância das reformas econômicas como indutoras de credibilidade, que, por sua vez, podem estimular o investimento privado e o crescimento do país.
Estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgado esta semana, no entanto, mostra que o drama do desemprego vivido por milhões de brasileiros poderia ser atenuado se as grandes empresas brasileiras que pegaram dinheiro oficial do governo, como forma de socorro para o período da pandemia, não tivessem guardado R$ 172 bilhões - valor acumulado até setembro do ano passado - no "colchão", para "eventual emergência".
Nos últimos dias, candidatos às presidências da Câmara e do Senado, inclusive da base do governo quem têm o apoio do presidente Bolsonaro, vem defendendo a volta do auxílio emergencial como forma de transferência de renda à população mais vulnerável.