19 de out de 20203 min
Por Clarice Manhães
A Economia Popular Solidária (Ecosol) é um território de disputa entre representantes da esquerda nestas eleições. Dois candidatos à prefeitura e 17 que concorrem a uma das vagas na Câmara Municipal já se comprometeram formalmente com a pauta, por meio da assinatura de uma carta compromisso. O documento assegura o vínculo deles com as reivindicações dos empreendimentos organizados que compõem o Fórum Municipal do setor.
Ao assinar o compromisso, Axel Grael (PDT) ressaltou as conquistas na gestão de Rodrigo Neves, e afirmou a necessidade de continuidade dos projetos da atual administração. Ele citou como avanços a criação de uma política pública que reconheceu e incentivou as cadeias produtivas da Economia Solidária, em 2019, e o recente Programa Niterói Agroecológico, que beneficia agricultores locais, promoção da alimentação saudável e conservação ambiental. “A Cadeia Produtiva da Economia Solidária será muito importante na retomada da economia no pós-pandemia”, destacou.
Flávio Serafini (PSOL) destacou que sua afinidade com a pauta é de longa data, e conta que assinou a Carta Compromisso
porque vê a Economia Solidária como importante ferramenta na organização da luta por trabalho, renda e igualdade. Em seu plano de governo ele pretende gerar novos postos para os catadores com a otimização da reciclagem, que hoje não chega a 5% do total de lixo gerado na cidade, entre outras iniciativas. “Como deputado estadual eu sou autor de várias leis que tratam desta temática”, ressaltou.
O candidato a vereador Marcos Rodrigo (PCdoB) também já assinou a Carta Compromisso. Fundador do Banco Comunitário do Preventório e atuante na construção de feiras orgânicas, agroecológicas e de artesanato na cidade, ele destaca que sua trajetória como militante ultrapassa o cenário político. “Eu não apenas assinei a carta. Este é um compromisso tatuado em meu coração, está nas minhas impressões digitais, em tudo que eu faço”, afirmou.
Thiago Rizzo (PT) assinou a carta compromisso com foco nas ações voltadas para a agricultura familiar e agroecologia, sua área de atuação. Ele destaca que a carta é um instrumento importante para cobrar a construção de um mercado institucional que apoie os produtores niteroienses. “A compra de alimentos produzidos na cidade, para a merenda escolar, contribuiria tanto para a segurança alimentar quanto para a renda dos agricultores familiares do município”.
O deputado Waldeck Carneiro, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Economia Popular Solidária do Rio de Janeiro, analisa que o debate sobre a Ecosol é mais apropriado ao campo democrático popular porque substitui o lucro exacerbado, práticas
predatórias e competitividade por preço justo, sustentabilidade e cooperativismo. “Os trabalhadores e trabalhadoras que fazem a Ecosol acontecer, sejam eles artesãos, agricultores, pescadores artesanais ou catadores não são necessariamente de esquerda ou de direita. O que faz com o que o campo progressista esteja mais próximo da economia solidária são os princípios que a estruturam”.
A Carta Compromisso foi construída coletivamente entre os membros do Fórum, em reuniões virtuais. O documento traz 22 demandas, entre elas a instalação do Conselho Municipal de Ecosol, implantação do Programa de Renda Mínima Universal, criação do Banco Municipal Comunitário, Plano Municipal de Economia Solidária, compras públicas voltadas para o segmento, orçamento específico e transparência na administração pública.
Para o militante Antônio Oscar, Membro dos fóruns estadual e municipal, a Carta Compromisso é um instrumento que o movimento utiliza para assumir seu papel de protagonismo dentro da política pública. “Não estamos interessados em ouvir promessas, mas sim em dizer o que consideramos prioritário para os candidatos a prefeito e vereador. Sabemos que a Carta não é uma varinha mágica para transformar a realidade, mas servirá para que o movimento cobre dos eleitos o compromisso assumido”, observou.