Filho 03 usou R$ 3 milhões em espécie para despesas pessoais
- Da Redação

- 19 de set. de 2022
- 2 min de leitura

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou grande volume de dinheiro em espécie não só para comprar parcialmente 16 imóveis, como já foi divulgado. O filho 03 do presidente da República usou também mais de R$ 3 milhões em dinheiro vivo para pagar despesas pessoais, funcionários e impostos. A conta bancária de sua antiga loja de chocolates em um shopping de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, registrou também alto volume de depósitos de dinheiro vivo sem identificação.
Os dados constam das quebras de sigilo obtidas pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). Flávio ainda foi apontado nas investigações como líder de uma organização criminosa que funcionava em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O total de desvios apurado pela Promotoria foi de, no mínimo, R$ 6,1 milhões, como mostra reportagem de Juliana Dal Piva e Saulo Pereira Guimarães no UOL.
Os promotores afirmam que o dinheiro usado nas transações de Flávio vinha do esquema de corrupção conhecido como “rachadinhas”, no qual os funcionários do gabinete eram obrigados a devolver a maior parte de seus salários, em espécie, ao então deputado estadual pelo Republicanos.
A quebra do sigilo bancário de Flávio e demais denunciados no esquema e o cruzamento de dados obtidos junto a empresas e poder público ainda revelaram dívidas quitadas que não constavam nos extratos do atual senador nem nos de sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro.
O MP-RJ identificou pagamentos feitos com dinheiro em espécie, comprovados por documentos bancários e outras evidências em diversos casos. As investigações identificaram até despesas pagas diretamente pelos próprios funcionários do gabinete.
A decisão judicial que autorizou o acesso do MP-RJ aos dados financeiros foi anulada em fevereiro de 2021. Atualmente, a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) refaz a investigação. Na época da denúncia, o filho 03 negou que tenha cometido crimes.
Procurado novamente pelo UOL para comentar os casos, sua assessoria encaminhou resposta em que ele diz que não sabe “com qual interesse a reportagem requenta, em véspera de eleição, uma história superada e arquivada”. “Não existe denúncia. A investigação foi arquivada pela Justiça porque era infundada e motivada por interesses políticos do grupo que nos enfrenta nessa eleição. A reportagem anterior, que falava em compra de imóveis em dinheiro vivo, confunde moeda corrente nacional, que é o real, com dinheiro em espécie. Por isso, é importante frisar: moeda corrente não é dinheiro em espécie.”
A reportagem anterior do UOL desmente esses argumentos ao não confundir os termos, inclusive corroborados por entrevistas com vendedores e funcionários de cartórios de registro de imóveis. O uso de dinheiro vivo não é ilegal, mas especialistas no combate à corrupção apontam que isso dificulta o rastreamento da origem das verbas e indica prática de lavagem de dinheiro.










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