Emprego gera cortina de fumaça
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Emprego gera cortina de fumaça


"Notícia boa!". Assim William Bonner abriu, em tom euforicamente inusitado, o Jornal Nacional de ontem na TV Globo para anunciar a retomada do emprego, depois de 22 meses seguidos de queda. Ao convocar a imprensa para comentar dados positivos da economia brasileira, o presidente Michel Temer informou que foram criados 35.612 empregos formais no mês passado. O presidente disse também que pode "garantir" que a inflação fechará este ano abaixo do centro da meta de 4,5% ao ano. Em uma rara iniciativa, o próprio presidente anunciou os dados de emprego, durante uma fala no Palácio do Planalto. Os números geralmente são divulgados pelo Ministério do Trabalho. Temer também destacou ainda a mudança da perspectiva da economia brasileira feita ontem pela Agência Moody's.

A euforia sincronizada entre o Palácio do Planalto e a TV Globo, porém, parece revelar a necessidade urgente do governo de criar as chamadas "pautas positivas" um dia depois de o país ser sacudido por grandes manifestações e paralisações contra as reformas trabalhista e da previdência do governo. Uma oportuna cortina de fumaça para o governo. Em seu blog Tijolaço (www.tijolaco.com.br), o jornalista Fernando Brito analisou assim o comportamento do Planalto:

Todo mundo viu e ficou nas manchetes o primeiro aumento no saldo de empregos nos registros do Caged do Ministério do Trabalho, em fevereiro

Aliás, apurado em tempo recorde, porque o resultado de janeiro saiu a 3 de março e o de fevereiro apenas 13 dias depois, e com direito a ser anunciado pelo próprio Michel Temer.

A ver se o IBGE confirma isso e, sobretudo, se isso se mantém, porque no fundo do poço marolinha é maremoto.

Igual destaque não se dá às noticias de sinal inverso, como a divulgada hoje pelo Serasa Experian, de que a procura do consumidor por financiamento caiu 4,7 por cento em fevereiro ante o mesmo mês de 2016 e recuou 7,2 por cento na comparação com janeiro.

A verdade é que o Governo precisa produzir boas notícias, e rápido , porque a reforma da Previdência, seu grande compromisso com o mercado, dá sinais de fraqueza.

Ontem no site Os Divergentes, a repórter Helena Chagas, anotou:

Não há dúvidas de que as manifestações [ de ontem, contra a reforma previdenciária] foram significativas e vão repercutir, com a possibilidade de dois efeitos imediatos:

1) O temido (pelo governo) efeito cascata, desencadeando outros protestos. Hoje, mobilizaram-se claramente em torno da rejeição à reforma da Previdência, mas o “fora Temer” esteve presente e tornou-se audível em diversos momentos mostrados ao vivo. Para os aliados do presidente, há um risco real nisso.

2) O efeito Congresso. A maior preocupação governista hoje é com o impacto das manifestações junto a quem vai votar a reforma da Previdência. Por mais que a base de Temer seja forte e fiel, parlamentares costumam ser extremamente sensíveis às ruas, sobretudo em anos pré-eleitorais. Se, conforme já admitiam aliados do Planalto, o governo ainda não havia garantido a maioria de 308 votos na Câmara para a sua PEC, agora é que vai ficar mais difícil.

A coincidência dos protestos com o momento em que o Planalto e sua base de sustentação, tendo à frente o PMDB e o PSDB, se fragilizam com a divulgação da Lista de Janot versão 2.0, também é ruim para o governo. Por isso, já há quem veja a possibilidade de o Planalto, finalmente, sair do discurso do tudo ou nada e se sentar para negociar mudanças importantes no projeto.

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