A nova Renascença Fluminense
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A nova Renascença Fluminense


Waldenir de Bragança, presidente da Academia Fluminense de Letras

O mês de julho marca o clímax do centenário da Academia Fluminense de Letras, cujas comemorações vêm se estendendo desde o início do ano em vários eventos realizados em Niterói, no Rio de Janeiro e em outras cidades do estado. Há exatos 100 anos, mais exatamente no dia 22 de julho de 2017, um grupo de jovens intelectuais fundava na antiga capital fluminense a primeira academia literária do estado. Hoje, por força de lei aprovada este ano pela Assembleia Legislativa, proposta pelo deputado Waldeck Carneiro, ela é reconhecida como a academia oficial do Estado do Rio de Janeiro.

Esse reconhecimento reafirma uma condição já evidente desde a sua fundação. A AFL nasceu no bojo de um dos mais importantes movimentos culturais de nosso estado, que ficou conhecido como Renascença Fluminense. Marcava o esforço de superação de uma grave crise econômica, provocada pela decadência da lavoura de café, base da economia regional àquela época, tendo a cultura como vetor de valorização da auto-estima dos cidadãos. Em reconhecimento a essa missão histórica, o governador Feliciano Sodré destinou à academia o segundo andar do prédio em que está estabelecida, juntamente com a Biblioteca Pública de Niterói, construído por ele como parte do conjunto arquitetônico e cívico da Praça da República.

Hoje, quando o Estado do Rio enfrenta outra grave crise econômica, agravada pela degradação ética que tem colocado empresários, políticos e até um ex-governador atrás das grades, a ação cultural surge como indício de uma nova Renascença Fluminense. Esse é o sentimento do presidente da Academia Fluminense de Letras, o médico e ex-prefeito de Niterói, Waldenir de Bragança, dinamicamente à frente dos festejos do centenário.

A efeméride, porém, não está cercada apenas de homenagens. Uma intensa articulação envolvendo acadêmicos de vários estado do país resulta na realização do I Congresso Brasileiro de Academias de Letras, entre os dias 20 e 22 de julho, no H Niterói Hotel. Como resultado dessa convergência, um documento - a Carta de Educação, Cultura e Ética de Niterói - pode ser, no entender de Waldenir, um divisor de águas na cultura fluminense, como legado do centenário da AFL.

O presidente da academia falou ao TOPA PALAVRA sobre esse momento histórico.

TP - De que forma o senhor acha que as comemorações do centenário da Academia Fluminense de Letras irão impactar o movimento cultural de nosso estado?

WB - Em meio às comemorações do centenário da Academia, com a relevância do I Congresso Brasileiro de Academias de Letras, temos recebido apoio, participação, manifestações plenas de entusiasmo de academias e organizações culturais de âmbito nacional, de líderes de academias estaduais e de cidades do Estado do Rio. Podemos afirmar que o movimento cultural não será mais o mesmo após a realização deste congresso – um novo tempo começa a surgir. O documento final, que denominamos Carta de Educação, Cultura e Ética de Niterói, vai arremessar novas ideias, propostas e recomendações para melhorar os padrões educacionais e culturais e criar uma consciência ética, tão necessária para prevenir e combater a corrupção que vem degenerando o organismo nacional.

TP - Em seus primeiros anos de vida, a AFL integrou-se ao movimento que ficaria conhecido como Renascença Fluminense, incentivado principalmente pelo governador Feliciano Sodré para levantar a autoestima dos cidadãos do Estado do Rio, em meio a uma grave crise econômica provocada pela derrocada do café. Hoje o Estado do Rio enfrenta outra crise econômica violenta, agravada com a queda do preço do petróleo e consequentemente dos nossos royalties. O senhor acha que mais uma vez a cultura e a literatura podem ajudar na recuperação moral do povo fluminense?

WB - O poder da cultura é inestimável. Ela é instrumento de transformação capaz de tocar mentes, influenciar pessoas e instituições, fazer e levar a fazer mais e melhor. A cultura possui a magia de criar a diferença, de tirar da mesmice, de provocar a mudança. Este é o propósito que nos anima. Acreditamos que é tempo de buscar uma nova Renascença, e podemos assegurar que ela ocorrerá.

TP - De que maneira a criação da Federação das Academias de Letras do Estado do Rio de Janeiro pode contribuir com o desenvolvimento cultural do estado?

WB - Em face dos contatos com presidentes e líderes de academias, grêmios literários e associações culturais em nosso Estado podemos verificar uma impressionante disposição de nos unirmos, para promover intercâmbio, para revitalizar e fortalecer o movimento cultural, todos revelando sentir a falta de uma entidade congregadora. A Federação das Academias de Letras do Estado do Rio de Janeiro estava faltando. Ela será, sim, instrumento para potencializar, valorizar os esforços de acadêmicos idealistas, voluntários, que querem servir à cultura, às letras, às artes, à música, e todas as demais manifestações artísticas das raízes e sentimentos da nossa gente.

TP - Que papel a AFL desempenha hoje na preservação da memória e da identidade fluminenses?

WB - A missão desta academia tem sido, sobretudo, o reconhecimento de que o patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade, riquezas naturais de nosso povo. Temos lutado, também, para preservar o patrimônio imaterial ou intangível – como expressão de vida e tradições que a comunidade, grupos e indivíduos recebem de seus ancestrais e passam para seus descendentes. A Academia Fluminense de Letras é a centenária guardiã da memória e da História fluminenses, e nela se encontra a própria identidade da alma do nosso povo. Ela não deixa que caia sombra sobre os vultos que construíram a História do Estado, e sobre os sentimentos que deles emanaram para se irradiar pelo Brasil. Ela congrega representantes das letras, das artes, das ciências e das ciências sociais de várias regiões, para preservar e valorizar sua obra.

TP - Como o senhor se sente à frente da AFL em um momento tão marcante da sua história?

WB - Sinto-me portador de uma missão, na qual não estou só. Muitos estão revelando incentivo, solidariedade, compromisso com os elevados e nobres objetivos de nossa gloriosa Academia Fluminense de Letras. Acredito que o trabalho que estamos desempenhando tem a parceria de corações e mentes que sabem dar valor aos serviços meritórios destinados a engrandecer a história cultural de nosso estado e de nossa Pátria.

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