Colegas de Moro atuaram em órgãos envolvidos na Lava Jato
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Colegas de Moro atuaram em órgãos envolvidos na Lava Jato


Sérgio Moro foi contratado como sócio-diretor de consultoria norte-americana (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O novo emprego do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro na consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, que atua no processo de recuperação da Odebrecht, uma das empresas mais afetadas por suas decisões na Lava Jato, continua a repercutir no Brasil e em sites internacionais.

Segundo citação de Carta Capital, o BusinessWire publicou uma lista dos novos colegas de trabalho de Moro. Todos oriundos de órgãos de Estado (dos Estados Unidos), alguns destes, envolvidos nas atividades da Operação Lava Jato de Curitiba enquanto o ex-magistrado esteve à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba nos processos da força-tarefa - o que foi fartamente comprovado por documentos da Vaza Jato, publicados pelo The Intercept Brasil em parceria com outros veículos de comunicação nacionais.

Fazem parte do quadro da nova empregadora de Moro, entre outros, Steve Spiegelhalter, ex-procurador do Departamento de Justiça dos EUA; Bill Waldie, agente especial aposentado do FBI; Anita Alvarez, ex-procuradora em Cook County, Illinois; Robert DeCicco, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês); e Suzanne Maughan, ex-investigadora-chefe da Divisão de Execução e Crime Financeiro da Financial Conduct Authority.

A Alvarez & Marsal (A&M) é apresentada, de acordo com Wikipédia, como "uma empresa global de serviços profissionais notável por seu trabalho em gerenciamento de recuperação e melhoria de desempenho de uma série de grandes empresas de alto perfil, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior, como Lehman Brothers, HealthSouth, Tribune Company, Warnaco, Padarias interestaduais, Target, Darden Restaurants e Arthur Andersen".

Trocando em miúdos, a consultoria, com sede nos EUA, recebe milhões de dólares fazendo serviços de recuperação de empresas que foram à falência, ou quase chegaram lá, geralmente em consequência de ações criminais promovidas por órgãos de Estado, nos quais os agora colegas de Moro eram funcionários públicos, como o Departamento de Justiça (o chamado DoJ) e a Agência de Segurança Nacional (NSA), dos EUA.

Espionagem na Petrobras

Esta mesma NSA esteve envolvida em espionagem na Petrobras conforme denúncias apresentadas em 2013. E a Petrobras também foi uma das empresas mais afetadas economicamente, tanto pelos esquemas de corrupção quanto pelos efeitos deletérios das investigações da Lava Jato. Assim como também o foram, outras das maiores empresas brasileiras, como a Odebrecht e a OAS, clientes da consultoria Alvarez & Marsal, que agora contratou Moro para ser seu sócio-diretor.

A presença da NSA na Petrobras é confirmada em documentos ultrassecretos entregues pelo ex-analista da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden. O material para a reportagem foi entregue a Glenn Greenwald, na época, correspondente do jornal britânico The Guardian no Brasil.

Na ocasião, a espionagem da rede de computadores da Petrobras por parte da NSA foi citada pela presidenta da República, Dilma Rousseff, após a publicação das reportagens de Glenn. Através de uma nota oficial, Dilma disse que a espionagem da agência norte-americana teria "interesses econômicos e estratégicos" e que se tratava, da Petrobras, de "um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro".

Na nota, divulgada em 9 de setembro de 2013, a presidenta lembrava também que o governo - inclusive a presidência da República - já havia sido foi alvo de denúncias sobre monitoramento da mesma agência americana. Em "retaliação", Dilma cancelou uma agenda com o então presidente dos EUA, Barack Obama, que estava marcada para 23 de outubro em Washington. O episódio foi revelador também da incompetência ou incapacidade do serviço de inteligência instalado no governo à época.

'Triplex do Guarujá'

No último domingo, Sérgio Moro anunciou que foi contratado pela consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. A empresa é responsável pela administração judicial da Odebrecht, além de ter sido contratada também pela OAS e Queiroz Galvão para reestruturação do grupo.

Em um documento apresentado pela defesa do ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá, consta uma informação elaborada pela Alvarez & Marsal confirmando que o referido triplex pertencia, de fato e de direito, à OAS, e, por isto, jamais poderia ser "atribuído" a Lula. Fato que foi ignorado pelo ex-juiz Moro no julgamento que condenou o ex-presidente e o afastou da disputa eleitoral, e acabou beneficiando a eleição de Jair Bolsonaro - posteriormente, Moro foi nomeado por Bolsonaro para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

A consultoria A&M também faz assessoria financeira na recuperação da Sete Brasil, empresa criada em 2010, com estímulo do governo, para alavancagem da exploração do pré-sal, com participação de fundos de pensão, bancos, empresas de investimento e a Petrobras. Em pouco tempo de existência, a Sete Brasil tornara-se a maior empresa do mundo no mercado de sondas de águas ultraprofundas.

Todas essas empresas estão em situação econômica delicada desde que foram devassadas pela "Lava Jato".

'Investigação por corrupção'

O novo emprego de Moro levanta no mínimo o debate ético e a dúvida se se trata de uma "proposta indecente" a sua contratação pelos americanos, com tanto interesse em jogo.

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) foi além, e pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue a possibilidade de crime de corrupção na contratação do ex-juiz e ex-ministro da Justiça pela empresa norte-americana de consultoria. O parlamentar argumenta em seu requerimento que Moro, como juiz, autorizou acordos que também beneficiaram a Odebrecht, e agora como sócio-diretor de uma consultoria jurídica ligada à empreiteira, ele poderia colaborar com informações às quais teve acesso e que ainda não vieram à tona.

Sérgio Moro nega que haja "conflito de interesse".

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