Efeitos da pandemia: ídolo é demitido do Botafogo
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Efeitos da pandemia: ídolo é demitido do Botafogo

Sebastião Leônidas, ídolo do Botafogo nos anos 1960 e que trabalhava há décadas no clube, foi demitido na última semana


Por Eduardo Gomes



Sebastião Leônidas foi ídolo do Botafogo na década de 1960. Foto: Reprodução


O Botafogo de Futebol e Regatas, assim como outros clubes do Rio de Janeiro e do Brasil, anunciou a demissão de diversos de seus funcionários na última semana, tendo essa notícia sido publicada no último dia 04 de maio no portal do Toda Palavra.


Muitos desses funcionários estão agora em situação delicada, frente a todo o cenário de pandemia que estamos inseridos. Dentre essas pessoas que foram desligadas do clube, um nome ganhou destaque na imprensa e gerou revolta entre os torcedores do clube: Sebastião Leônidas.


Leônidas é um dos grandes ídolos da história do clube. Nos anos 1960, fez parte de equipes memoráveis do Botafogo, tendo sido campeão da Taça Brasil de 1968, competição que foi reconhecida em 2010 como Campeonato Brasileiro. Venceu também os Cariocas de 1967 e 1968, assim como a Taça Guanabara nesses mesmos anos, torneio que na época era disputado de forma autônoma e definia o participante carioca na Taça Brasil, diferente da atualidade, onde essa competição é disputada como 1º turno do estadual.


Além disso, Leônidas estava na equipe que venceu o tricampeonato do Torneio Internacional de Caracas (1967, 1968 e 1970), divulgado por parte da imprensa da época como a "Pequena Copa do Mundo". Ainda atuou pela seleção brasileira em seu auge na carreira e faria parte do elenco que acabou se tornando tricampeão mundial em 1970 no México, mas ficou de fora após sofrer com contusões no período.


Com mais de 200 jogos oficiais pelo Botafogo, Leônidas é frequentemente apontado como um dos maiores defensores da história do clube, sempre fazendo parte da "seleção de todos os tempos" da história alvinegra, ao lado de nomes como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Gérson, Jairzinho, Heleno, Manga, entre outros.


Depois que encerrou a carreira, Leônidas atuou como treinador em diversos clubes, tendo treinado o Botafogo no início dos anos 1970. Há décadas, atuava em outras frentes no clube, tendo principalmente passado por diversas funções no âmbito das categorias de base alvinegra. A notícia de sua demissão na última semana, foi uma grande surpresa. O clube emitiu a seguinte nota após confirmar o desligamento de Leônidas:


"O Botafogo de Futebol e Regatas vem, por meio desta mensagem de agradecimento, comunicar o fim do ciclo profissional do ídolo Sebastião Leônidas, de 82 anos, no Clube. Diante do cenário atual e delicado de pandemia mundial, o Botafogo optou por essa difícil decisão, ciente do enorme legado deixado dentro e fora de campo, e com a certeza de que o Glorioso é a sua segunda casa e que estará sempre de portas abertas.
O Clube reitera toda a gratidão aos serviços prestados durante todos esses anos pelo "Seu Léo", como é carinhosamente chamado por todos em General Severiano".

Mesmo com essa nota, a torcida criticou o posicionamento do clube e o não reconhecimento ao optar por demitir o ídolo. Leônidas classificou como "uma violência" sua própria demissão. Em entrevista ao "O Globo", o ex-jogador questionou, inclusive, o fato de ter sido demitido por receber um alto salário:


Claro que estou triste, depois de todos os anos e todas as alegrias que dei ao clube,parece que, no fim, a recompensa dada é essa. Talvez não tenha havido um reconhecimento, entende?! Claro que eu tô chateado, até porque ninguém fica feliz com uma situação assim. Quem disse isso (sobre salários) certamente está brincando. Funcionário não tem alto salário. Quem tem alto salário é jogador. Acho até que, talvez, poderia ser feito de outra maneira, com uma conversa. Se eles achavam que meu salário era alto, poderiam diminuir, negociar. Demitir assim, eu achei uma violência.

Companheiro de Leônidas no Botafogo dos anos 1960 e tricampeão mundial com o Brasil em 1970, Gérson "canhotinha de ouro" também se pronunciou contrário ao posicionamento da diretoria do Botafogo, destacado a importância que o ex-atleta tinha no clube. Em fala proferida em seu canal do Youtube, Gérson destacou:


Estou embasbacado, de queixo caído, indignado com a diretoria do Botafogo.Eu compreendo e não entendo, ou eu entendo e não compreendo. Sei que os clubes estão em situação complicada, devendo os jogadores, entendemos tudo isso. Mas tem gente para você mandar embora, e tem gente que não pode mandar embora. E ele é um deles. Tinha que ficar com o Leônidas de uma maneira ou de outra. Vocês estão de brincadeira com coisa séria!

Leônidas tem 82 anos e após sua saída do Botafogo, fala em se aposentar definitivamente. Todavia, sua demissão explicita simbolicamente, mais do que o valor econômico que perderá de salário, o quanto parte da memória e história dos principais clubes nacionais são, muitas das vezes, esquecidas e ofuscadas pelas próprias diretorias desses clubes. Em um período em que a diretoria do Botafogo lança campanhas para valorizar as conquistas do Torneio Internacional de Caracas, onde o clube foi tricampeão entre 1967 e 1970, demitir um ídolo que integrou essa equipe vai completamente na contramão de buscar resgatar essa memória. Em muitas ocasiões, a visão estritamente empresarial na gestão dos clubes faz com que esses dirigentes percam ou, simplesmente, não possuam a noção que tais ídolos são, acima de tudo, patrimônios da história dessas agremiações.


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