África do Sul aciona Israel na Corte de Haia por 'genocídio' em Gaza
A África do Sul entrou com uma ação contra Israel por genocídio, nesta sexta-feira (29), perante o Tribunal Internacional de Justiça de Haia, principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU), devido à situação na Faixa de Gaza.
De acordo com o tribunal, a ação alega uma série de "violações por parte de Israel das suas obrigações em relação à Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza".
A ação judicial do país sul-africano afirma ainda que as ações e omissões de Israel constituem um “genocídio, pois são cometidas com a intenção específica de eliminar os palestinos da Faixa de Gaza” e pede que o tribunal exija que Israel cumpra os seus compromissos.
"O demandante pede ao Tribunal que ordene medidas provisórias para proteger de futuros danos graves e irreparáveis aos direitos do povo palestino sob a Convenção do Genocídio", destaca a nota.
De 24 de Novembro a 1 de Dezembro, durante uma trégua humanitária acordada entre Israel e Hamas, 80 reféns israelenses que estavam sob o poder do Hamas, na sua maioria mulheres e crianças, foram trocados por 240 prisioneiros palestinos. Também foram libertados 30 cativos, a maioria tailandeses que viviam em Israel. Cerca de 130 reféns ainda estão sendo mantidos em cativeiro em Gaza.
Com o fim da trégua, em 1º de dezembro, as operações de guerra foram retomadas e o fluxo de ajuda humanitária que chegava ao sul do enclave palestino proveniente do Egito foi reduzido a um quinto do que Gaza recebia antes da guerra, segundo a ONU.
O enclave passa por uma crise humanitária muito grave, na qual dezenas de milhares de pessoas se encontram sem água potável e acesso à comida. Cerca de 85% da população de Gaza, 2,3 milhões de pessoas, tiveram de fugir de casa por culpa da guerra.
Nesta sexta-feira (29), autoridades de Saúde da Faixa de Gaza relataram que mais 187 palestinos foram mortos devido a bombardeios e ataques de artilharia israelenses nas últimas 24 horas.
As autoridades palestinas estimam que até o momento o conflito deixou mais de 21,3 mil mortos - cerca de 1% de toda a população do enclave - e mais de 55.2 mil feridos na região, desde o início do conflito, em 7 de outubro, quando o grupo palestino Hamas fez um ataque surpresa contra Israel causando a morte de mais de 1,2 mil pessoas e deixando cerca de 5,5 mil feridos e capturando cerca de 240 reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas e iniciou ataques massivos a instalações em Gaza, incluindo instalações civis, e realizou bloqueio total ao enclave palestino, cortando o fornecimento de água, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível. Em 27 de Outubro, Israel lançou uma incursão terrestre em grande escala na Faixa de Gaza.
O número de soldados israelenses mortos desde o início da operação terrestre contra o Hamas na Faixa de Gaza atingiu 97 na primeira semana de dezembro. Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram ter perdido dez soldados em um único dia.
Com a Agência Sputnik
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