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Grafite no caminho do túnel


O muro externo do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, próximo ao acesso à galeria Luís Antônio Pimentel do túnel Charitas-Cafubá, ganhou um colorido especial neste domingo (27/08), quando nove artistas começaram a grafitar painéis com temas da cidade. Um edital promovido pela Secretaria municipal de Cultura e pela Fundação de Arte de Niterói (FAN) selecionou os projetos para a intervenção artística. Quem passou pelo local também pôde conferir a programação cultural, que contou com roda de rima, batalha de MCs, apresentação de DJs e distribuição de brindes. “É um reconhecimento da arte de rua como uma arte que tem seu valor, como a música, o paisagismo, e o contemporâneo. Aliás, mais contemporâneo que o grafite não existe. É muito interessante ver várias estradas se cruzando: os artistas de rua, o Hospital Psiquiátrico de Jurujuba e seus pacientes, e ao mesmo tempo estar na porta de entrada deste túnel, que simboliza o crescimento urbano”, explica o secretário de Cultura, Marcos Gomes. Mais de 50 artistas se inscreveram no edital para participar do #NaRua - Graffiti Transoceânica e grafitar um dos dez painéis de oito metros de comprimento por dois metros de altura. Um deles é Gleydston Ferreira, o Barba, de 42 anos, que retratou um pouco da história niteroiense através do painel “Niteróis”, que mostra São Lourenço – remetendo a fundação da cidade – e uma criança indígena. Os dois personagens estão ligados através de elementos do presente, como o Teatro Popular, as curvas da orla, e a Ponte. “O lugar escolhido para esta intervenção é bacana. O túnel é uma obra importante para a cidade e é muito legal poder fazer parte de Niterói de alguma forma. Também foi fantástica a interação com os pacientes do hospital, que participaram do evento, assistindo, conversando com os artistas, tirando fotos. O grafite é para todos”, explica Barba. “Arte Indígena”, de Amanda Freitas, de 20 anos, também ressalta as origens da cidade. Através de duas índias, ela quer lembrar a herança niteroiense e alertar sobre a importância da preservação da natureza. “É muito importante estar em contato com as nossas raízes e acredito que quem passar por aqui, a caminho do túnel, vai lembrar um pouquinho da nossa história e, espero, se preocupar com a preservação das florestas e da cultura indígena”, revela Amanda. Alguns painéis foram concluídos no próprio domingo, mas outros serão finalizados durante a semana. O primeiro artista a terminar foi o artista plástico André Barroso, que criou o mosaico “Arqueologia dos Afetos por Niterói”.

“Hoje em dia os artistas não estão preocupados em mostrar sua arte entre quadro paredes, nos espaços tradicionais. Queremos os espaços públicos, criando museus a céu aberto, mais próximos do público, por isso essa intervenção neste local é tão relevante”, destaca André. Nem mesmo o sol forte impediu o público de conferir de perto a intervenção artística. A administradora Ívina da Motta, 31 anos, foi com a família assistir de pertinho a criação dos artistas. “É uma alternativa interessante ao muro pichado, que deixa a cidade imunda. Assim os grafiteiros deixam sua marca, sua arte, compondo com essa paisagem maravilhosa. E com esse tema, conhecemos um pouco de Niterói através dos olhos dos artistas”, elogia. Ao todo, o local receberá dez trabalhos, são eles: “Arqueologia dos Afetos por Niterói”, de André Barroso; “Bee_Nit”, de Zerafreak; “Arte Indígena”, de Mana; “Y Ro’y”, de Mulambo; “Niteróis”, de Barba; “Itacoatiara”, de Ravi Tubenchlak; “Entre Montanhas e a Natureza Vejo o Museu de Arte Contemporânea de Niterói”, de Thiago Thipan; “Niterói: Terra de Mama África”, de Tren Stencil; “Na Varanda do Paschoal”, de Skid; e “Onda de Esperança”, de Arlene da Rocha.

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