Cadê o ministro da Justiça?
Osmar Serraglio na penumbra (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Em meio à crise que ameaça um dos mais importantes setores da economia brasileira, o sumiço do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que, como bem lembrou Fernando Brito em seu Tijolaço, não dá o ar da graça desde o anúncio da operação "Carne fraca", da Polícia Federal, na última sexta-feira, oferece pistas para se entender o enredo desse novo desastre nacional.
O início da trama pode estar situado ainda no governo Dilma, mais precisamente no Ministério da Agricultura, onde a senadora Kátia Abreu ocupava a cadeira de ministra. Segundo ela, Osmar Serraglio, acompanhado do deputado Sérgio Souza, também do PMDB do Paraná, foi ao seu gabinete tentar demovê-la - sem sucesso - de demitir Daniel Gonçalves Filho, apontado agora pela Polícia Federal como chefe do esquema de corrupção da "Carne fraca".
Dois dias depois da missão fracassada, Serraglio anunciou pelas redes sociais que votaria pelo impeachment de Dilma Rousseff.
A mega operação da Polícia Federal, deflagrada no final da semana, atinge em cheio o ponto mais alto da sua cadeia de comando. Atinge também funcionários corruptos do Ministério da Agricultura, alguns, segundo informações da própria PF, que se vendiam por alguns parcos quilos de carne. E atinge, por fim, com força devastadora, um setor fundamental da combalida economia brasileira. Ontem, a União Europeia, a China e o Chile anunciaram a suspensão da importação de carne brasileira. Prejuízo de bilhões de reais na balança comercial e desgraça para milhares de pequenos criadores que abastecem os grandes frigoríficos.
O governo, atônito, saboreia carne argentina - domingo, o presidente Michel Temer levou os embaixadores dos principais países compradores de carne brasileira para jantar em uma churrascaria de Brasília especializado em cortes portenhos - enquanto o ministro da Justiça põe o boi na sombra - ou na penumbra?