Parente é denunciado à CVM
PETROLEIROS QUEREM AFASTAMENTO DO PRESIDENTE DA PETROBRAS POR OMITIR INFORMAÇÕES SOBRE VENDA DOS CAMPOS DE BAÚNA E TARTARUGA VERDE, CONFORME DENÚNCIA DO TODA PALAVRA.
O secretário geral da Federal Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa protocolou, na tarde dessa sexta-feira (26), na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), um pedido de afastamento do presidente da Petrobras, Pedro Parente, da diretoria da estatal. A FNP afirma que Pedro Parente escondeu informações dos acionistas da companhia, do mercado financeiro e da sociedade.
Isso teria acontecido na operação que tinha como objetivo vender os campos de petróleo de Baúna, na Bacia de Santos (SP) e Tartaruga Verde, na Bacia de Campos (RJ). As negociações com a empresa australiana Karoon iniciaram formalmente em outubro de 2016. No entanto, cinco meses depois, no dia 29 março de 2017, a Petrobras anunciou a desistência da venda dos dois ativos e fez um comunicado de “fato relevante” informando a seus investidores sobre a decisão. Nesse comunicado, a companhia não teria mencionado, segundo a FNP, a verdadeira razão da desistência.
Os petroleiros alegam que a Karoon, que possui valor de mercado avaliado em U$ 450 milhões, não poderia oferecer garantias em um negócio de U$ 1,6 bilhões, três vezes maior que o seu patrimônio.
Durante as negociações, a Karoon teria informado que era parceira da Woodside, maior petroleira australiana. Porém, a Woodside esclarece, através de uma carta, que houve um mal-entendido e que ela não fez parte da proposta apresentada pela Karoon à Petrobras.
“A Petrobras alegou que a Woodside, suposta parceira da Karoon, havia desistido do negócio. Mas, a verdade é que a Woodside nunca participou do negócio”, afirma o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa.
Essa informação foi divulgada ao mercado em feveireiro. “Mas, a Petrobras sabia, desde outubro, que a Woodside não fazia parte da oferta e ainda assim continuou com as negociações”, denuncia o petroleiro.
Informações como essas têm valor no mercado. Por ser uma empresa de capital aberta na bolsa de valores, a Petrobras tem obrigação de informar ao mercado financeiro às razões verdadeiras sobre a desistência em operações de compra e venda de ativos. Essa é a razão pela qual os petroleiros entraram com o pedido de afastamento de Pedro Parente da presidência da Petrobras.
Os petroleiros da FNP também criticam o fato de o processo de venda dos campos de petróleo não ter passado por licitação, como se exige de qualquer empresa estatal. “Não sabemos quais foram os critérios de escolha para as negociações com a Karoon. A licitação garante que não haja ganhos pessoais na venda, por isso é importante. Imagina que você tenha um apartamento e um terceiro vende seu apartamento para quem ele escolher e a um preço que ele quiser. É o que está acontecendo com patrimônio público nacional”, destacou Adaedson Costa.
A CVM é um órgão independente, vinculado ao Ministério da Fazenda, encarregada de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. Ela pode investigar irregularidades nesse tipo de operação. Nas próximas semana, a CVM deve informar se aceita ao não o pedido de investigação contra o presidente da Petrobras.
Fonte: Sindipetro-RJ/Brasil de Fato
Representantes dos trabalhadores do setor petroleiro foram à FNP, sexta-feira (26), denunciar irregularidades na Petrobras / Samuel Tosta/Sindipetro-RJ