A rede de apoio à direita na AL
Mapa das organizações da Atlas Network na América Latina. Fonte: The Intercept
O que têm em comum a deposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya; o golpe parlamentar que tirou do poder a presidente Dilma Rousseff no Brasil; o retorno da direita argentina à Casa Rosada, com Mauricio Macri; a escalada dos protestos da oposição a Maduro na Venezuela? Por trás de todas essas ações políticas e de várias outras, que vêm determinando nos últimos anos uma guinada à direita no continente americano - inclusive nos Estados Unidos, hoje governado pelo ultradireitista Donald Trump -, estaria uma organização chamada Atlas Network, dirigida desde 1991 pelo argentino-norte-americano Alejandro Chafuen, que estaria financiando, apenas na América Latina, mais de 80 entidades associadas, os chamados tink thanks, com recursos do Departamento de Estado e do National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED), braço do soft power norte-americano.
A revelação foi feita pelo site noticioso The Intercept em matéria assinada pelo jornalista Lee Fang. O site é dirigido pelo jornalista Gleen Grennwald, que ganhou o Prêmio Pulitzer pela publicação de reportagem no jornal britânico The Guardian, denunciando o caso Plame-Wilson, dentro do contexto de revelações da vigilância global americana, juntamente com o Wikileaks. Essas revelações contribuíram para confirmar a atuação da Agência de Segurança Nacional dos EUA-NSA na espionagem ilegal e generalizada de países e empresas. No Brasil, Greenwald foi agraciado com o Prêmio Esso de Reportagem, por artigos publicados em O Globo acerca do sistema de vigilância virtual dos Estados Unidos em território nacional.
Publicada na versão brasileira de seu site, o The Intercept Brasil, a matéria revela pelo menos dois tink thanks brasileiros que foram financiados com recursos do Atlas Network para ajudar a derrubar Dilma Rousseff: o Movimento Brasil Livre (MLB) e o Instituto Millenium. Contudo, o número de organizações brasileiras associadas à Atlas Network, que até pouco tempo atrás era de apenas três, cresce rapidamente. Hoje existem cerca de 30 tink thanks agindo e colaborando entre si no Brasil, como o Estudantes pela Liberdade e o MBL, segundo Hélio Beltrão, um ex-executivo de um fundo de investimentos de alto risco que agora dirige o Instituto Mises, uma organização sem fins lucrativos que recebeu o nome do filósofo direitista Ludwig von Mises.
Segundo o The Intercept, a rede é extensa, contando atualmente com parcerias com 450 think tanks em todo o mundo. A Atlas Network afirma ter gasto mais de US$ 5 milhões com seus parceiros apenas em 2016. Leia a matéria completa.