Propina com isenção de IR
Em debate promovido pelas editoras Nitpress e Eduff durante a XVIII Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o economista e ex-deputado federal Luiz Alfredo Salomão, autor do livro Corrupção - Como e por quê o seu dinheiro sai pelo ladrão (Nitpress), em parceria com o professor Fernando Guarnieri, revelou um aspecto pouco conhecido das práticas corruptas envolvendo empresas multinacionais no Brasil. Segundo ele, até pouco tempo atrás, países como Alemanha, França e Itália ofereciam desconto no imposto de renda para os gastos com propinas realizados no Brasil.
- Se uma empresa viessa ao Brasil e subornasse um funcionário do governo brasileiro, o gasto com esse suborno poderia ser deduzido do imposto de renda como gasto operacional. Vejam que escândalo: era um incentivo à corrupção ativa - afirmou.
De acordo com Salomão, a prática que favorecia a atuação de suas empresas no exterior teria dificultado a adesão de países europeus ao tratado internacional anti-corrupção do qual o Brasil é signatário. Salomão enfatizou que, graças a essa legislação, investigações como a Lava Jato podem estar sendo realizadas atualmente. - Os europeus resistiram muito a aderir ao acordo anti-corrupção, pois isso dificultaria a ação de suas empresas em países como o Brasil - acrescentou.
No debate que fez com o editor da Eduff, Aníbal Bragança - talvez o único da Bienal em torno do tema da corrupção -, Salomão registrou que nas pesquisas realizadas para o seu livro constatou não ter havido grandes diferenças entre os governos Lula/Dilma e Fernando Henrique Cardoso na intensidade das práticas corruptas. - O Fernando Henrique chegou a diszer numa convenção do PSDB que “nunca antes nesse país se roubou tanto quanto se rouba agora”, e era o governo do PT. Aí nós procuramos mostrar, com o índice da transparência internacional, que os dois governos, incluindo os vários escândalos das privatização das telecomunicações, onde correu muito dinheiro o BNDES - afirmou Salomão.
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Debate na Bienal: Anibal Bragança e Luiz Alfredo Salomão (Foto: Luiz Augusto Erthal)