top of page

De Darcy para Lula: chore hoje, lute amanhã


Por Fernando Brito, do Tilolaço

Meu caro Lula, Outra vez eu me sirvo deste menino que faz o tal Tijolaço para ser meu cambono. Medíocre, é verdade, mas é quem está à mão, fazer o quê? Para vez se revolvia a sua terra pouco fértil, mandei-lhe uma emanação, aqui do éter, para que ouvisse o que falei no enterro do Gláuber Rocha. Claro que não porque você esteja morto, como eu e ele, mas porque te quero sugerir que, como ele, esta noite, chore. Eu disse lá: “O Gláuber chorava, chorava convulsivamente. O Gláuber chorava a dor que todos devíamos chorar, a dor de todos os brasileiros. O Gláuber chorava as crianças com fome, O Gláuber chorava um país que não deu certo, o Gláuber chorava a brutalidade, a mediocridade, a estupidez”… Pois então, meu caro Lula, sinta-se livre hoje para chorar. Não por você, que sei, por já ter tido a sua idade e um câncer como você, sei que não liga mais para si mesmo. Nem eu, que me amava tanto e tão profundamente, dava muita importância a mim, a não ser pelo que podia fazer, dizer e escrever. E nesta ordem. Chore, Lula, chore. Mas chore só hoje. Que amanhã, como você se acostumou, é dia de ir cedo para a fábrica. Porque é muito parecido, não é? Moldar ideias é como moldar metais: é duro, cheio de asperezas e sujeito a acidentes que nos machucam. E é pior, até, porque não tem descanso, nem fim de semana, e a falta de uma rede nos faz doer as costas de macunaímas.

Continue lendo em www.tijolaco.com.br

#Lula #DarcyRibeiro

bottom of page