Câmara resiste a nova eleição em Niterói

A mesa diretora, agora com Mílton Cal como presidente, resiste a declarar a vacância do cargo de prefeito
O efeito imediato da prisão do prefeito Rodrigo Neves (PDT) como alvo primário da operação Alameda, deflagrada pelo Ministério Público estadual e pela Polícia Civil, foi o sentimento de incerteza gerado no meio político de Niterói. O futuro do comando do governo municipal ainda é uma incógnita para os parlamentares da cidade, que guardam, no íntimo, apenas uma convicção: dificilmente Rodrigo voltará a exercer o cargo de prefeito.
Baseados na contundência das acusações do MP e na promessa do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, de trazer novas denúncias contra Rodrigo nos próximos dias, os vereadores estão convencidos da necessidade de buscar uma solução política partindo da premissa de que o prefeito eleito seria já uma carta fora do baralho. Configurando-se a vacância do cargo, a Lei Orgânica do município prevê, no artigo 61, a convocação de novas eleições no prazo de 90 dias, considerando a inexistência de um vice-prefeito antes de se completar três anos de mandato.
Esta, porém, não é uma solução atraente para a maioria vereadores ouvidos pelo TODA PALAVRA, tanto os da situação quanto os da oposição. No íntimo desses parlamentares sobressalta-os o fantasma de Carlos Jordy, vereador do PSL eleito no último pleito para a Câmara Federal com 204.048 votos, e o temor de que, no caso de uma eleição suplementar, o afilhado político de Jair Bolsonaro assuma a prefeitura de Niterói surfando na onda bolsonarista.
Este seria um cenário desastroso para os dois principais blocos da Câmara de Vereadores - para a atual base parlamentar, o desmonte do arranjo político estruturado por Rodrigo Neves; para os partidos de esquerda, a primeira vitória da direita na cidade em 30 anos, desde a primeira eleição de Jorge Roberto Silveira (PDT) como prefeito, em 1988.
Ouvido pelo TODA PALAVRA, Carlos Jordy descartou a possibilidade de candidatar-se em uma eleição suplementar no ano que vem, apesar d