Brasil eliminado nos pênaltis pela Croácia nas quartas de final
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Brasil eliminado nos pênaltis pela Croácia nas quartas de final

Atualizado: 10 de dez. de 2022

Seleção cai pela quinta vez seguida em Copas para uma seleção europeia. Com estratégia equivocada na escolha da ordem dos batedores, Neymar acaba não realizando sua cobrança.


por Edu Gomes

Brasil, de Neymar, foi hoje eliminado nos pênaltis para a Croácia. Foto: Hannah Mckay/Agência Brasil

E mais uma vez o Brasil foi eliminado nas quartas de final de uma Copa do Mundo de futebol masculino. Assim como aconteceu em 2018, quando caiu na mesma fase para a Bélgica, a seleção brasileira foi eliminada hoje (9) para a Croácia nos pênaltis, após um empate por 1x1 nos 120 minutos do tempo regulamentar com a prorrogação.


Desde a conquista do pentacampeonato mundial em 2002, essa é a quinta vez consecutiva em que a seleção brasileira é eliminada para um selecionado europeu, tendo em quatro dessas oportunidades caído nas quartas de final. Em 2006, caiu por 1x0 para a França nas quartas. Em 2010, a derrota foi para a Holanda por 2x1, também nas quartas. Na Copa em que jogou em casa, em 2014, até chegou nas semifinais ao passar pela vizinha Colômbia nas quartas, mas acabou eliminada pela Alemanha no fatídico jogo do 7x1. No confronto já aqui citado contra a Bélgica, na Copa da Rússia em 2018, perdeu por 2x1.


Sem entender como uma justificativa para a derrota de hoje, é válido destacar o histórico recente da seleção croata. Principal representante do futebol da antiga Iugoslávia (que, antes da extinção do país, eram chamados de "os brasileiros do leste europeu" no futebol), a Croácia tem uma história bonita em Copas do Mundo. Logo em sua primeira participação, em 1998, alcançou as semifinais e terminou o torneio na 3ª colocação, vencendo seleções tradicionais como a Alemanha (que foi derrotada por 3x0 nas quartas), a Romênia (do craque Hagi) e a Holanda (na decisão de 3º lugar). De quebra, ainda teve Davor Suker, então atacante do Real Madrid, como um dos destaques e artilheiro da competição com 6 gols.


Nas Copas seguintes, entre 2002 e 2014, a seleção croata ficou de fora apenas do torneio em 2010. Entretanto, nas vezes em que se classificou, não conseguiu passar da fase de grupos. Em 2006 e 2014, inclusive, esteve nas mesmas chaves do Brasil, tendo enfrentado e perdido para a canarinho em ambas as ocasiões: 1x0 em 2006 e 3x1 em 2014.


Em 2018, porém, a geração croata comandada por Modric conseguiu novamente colocar o país em evidência, tendo sido vice-campeã mundial naquela ocasião. É interessante destacar que, com exceção da final contra a França na Rússia, onde foi derrotada por 4x2, a Croácia desde então disputou a prorrogação e/ou pênaltis em todos os jogos de mata-mata que participou em Copas. Em 2018, empatou por 1x1 nas oitavas com a Dinamarca, vencendo nos pênaltis por 3x2. Nas quartas, empate em 2x2 com a Rússia e vitória por 4x3 nos pênaltis. Já nas semifinais, venceu a Inglaterra por 2x1 na prorrogação.


Neste ano, mais uma vez mantém o padrão, tendo eliminado Japão e Brasil, respectivamente nas oitavas e nas quartas, nos pênaltis, após empates por 1x1 no tempo normal + prorrogação. Essa característica, que se transforma em uma forma de identidade croata (semelhante ao modelo do Atlético de Madrid de Simeone, no contexto europeu de clubes), é fruto do trabalho a longo prazo desenvolvido desde 2018 pelo técnico Zlatko Dalic. Faltou ao técnico Tite e sua comissão melhor compreenderem esse modelo de jogo croata.


Se iria enfrentar uma seleção que sabe jogar com a bola nos pés (mesmo quando de forma mais reativa) e que, por características próprias, acaba por amarrar o jogo muito em seu meio de campo, fechando também sua defesa, era importante que o Brasil hoje entrasse com uma equipe que pudesse ganhar essas disputas. Jogadores como Antony e Fred seriam cruciais na partida e demoraram mais do que o aceitável para entrarem em campo. O primeiro para, com sua habilidade, romper com a defesa e marcação croata. O segundo para estabelecer um maior poder de marcação e compactação de nosso meio de campo no confronto contra os adversários croatas, algo que Lucas Paquetá, infelizmente, deixou a desejar (e esse ponto, da dúvida de quem jogaria como segundo volante em jogos grandes, já permeava a mente de Tite, como destaquei nos textos anteriores).


A verdade é que, diferente do que foi o jogo contra a Coreia do Sul, o Brasil teve muitas dificuldades para jogar contra um time que possui uma defesa muito bem organizada, tendo assim mantido seu jogo lento e não acelerando tanto como poderia com seus jogadores de frente que, indiscutivelmente, estão entre os melhores do mundo no quesito habilidade e talento. Essas dificuldades também ocorreram no confronto contra a Suíça pela primeira fase, com a diferença que a Croácia, para além de estabelecer uma maior organização em seu jogo reativo, conseguia também ter um grandioso controle da posse de bola e assim construía chegadas perigosas, tendo em vista seu elenco muito mais qualificado. Destaque para Luka Modric, melhor jogador do mundo e da última Copa em 2018, que comandou as principais ações do time croata hoje.


Com o jogo apertado e difícil, principalmente no quesito posse de bola, a partida foi para a prorrogação. Mesmo tendo o Brasil tido muito mais chances reais de gol se comparado aos croatas (em todo o jogo, foram 21 chutes contra o gol croata, enquanto Alisson viu seus adversários chutarem nove vezes contra sua meta), tais números não se materializaram como suficientes para garantir a vitória brasileira, que passou a depender muito de seus individualismos.


E foi com a individualidade, tão esperada e marcante na história de nosso futebol, que Neymar conseguiu demonstrar um pouco do porquê ser considerado o craque do time e, mesmo claramente ainda longe de estar 100%, conseguiu tabelar na marra para furar a defesa adversária, driblar o goleiro Livakovic e abrir o placar nos acréscimos do primeiro tempo da prorrogação a favor do Brasil.


Parecia sim que era o gol da classificação. O gol que demonstrava o talento da seleção brasileira. Que nos dias em que os avanços táticos e as evoluções do jogo não forem o suficiente, o "talento brasileiro" fará a diferença. Como fez em muitas outras ocasiões. Como garantiu cinco títulos mundiais para o país. Como fez com que o Brasil fosse, até hoje, a nação com o maior número de atletas que venceram o prêmio de Melhor Jogador do Mundo FIFA (cinco no total: Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká).


Mas não foi: com um gol de contra-ataque de Petkovic em uma desorganização tática brasileira, faltando menos de 5 minutos para o fim do jogo, os croatas conseguiram empatar e levaram a decisão para os pênaltis.


Tomar um gol faltando menos de 5 minutos para alcançar uma semifinal de Copa do Mundo, demonstra um pouco da ausência de foco e vontade dessa equipe brasileira na partida de hoje. Foco que tanto existiu nesse ciclo de 4 anos, desde a eliminação para a Bélgica em 2018.


E o que já era preocupante, poderia piorar: nos pênaltis, Neymar foi escolhido para realizar a última cobrança da equipe. A pergunta que fica é: por que deixar seu melhor batedor por último, tendo em vista que, dependendo das cobranças anteriores, ele pode acabar nem realizando tal cobrança? E essa foi a situação que de fato ocorreu: com Rodrygo e Marquinhos desperdiçando suas tentativas, e tendo a Croácia marcado os primeiros quatro pênaltis, o Brasil foi derrotado por 4x2 sem seu melhor jogador e cobrador ter a chance de bater.


A verdade é que em uma disputa de pênalti, cada rodada de cobranças é uma batalha. Batalha essa que, sem dúvidas, a partir do ato de você fazer ou perder, joga uma grande responsabilidade psicológica e uma carga gigantesca para seu adversário na sequência. Teríamos a garantia que Neymar iria marcar em sua cobrança? Claro que não! Mas que foi um erro o colocar para bater o último, onde nem chegou a ter a chance de cobrar, isso sem dúvidas nenhuma foi. Uma estratégia que, equivocadamente, é muitas vezes utilizada em outras equipes por todo o mundo, mas que hoje demonstrou não possuir qualquer sentido lógico e racional.


A comissão técnica da Croácia não pensou assim. Tal como o Brasil em 1994, quando ganhou uma Copa nos pênaltis e teve Romário como seu segundo cobrador na decisão vencida contra a Itália por 3x2, depois de um 0x0 no jogo.


Hoje, os croatas fizeram seus dois primeiros pênaltis com Vlasic e Majer realizando "batidas de segurança" no meio do gol. Depois, quando Alisson poderia imaginar que essa seria a estratégia do adversário, a seleção croata simplesmente colocou seus dois principais batedores na sequência, Modric e Orsic. Ambos bateram as cobranças subsequentes com excelência, fechando assim o caixão brasileiro. Pelo lado canarinho, apenas Casemiro e Pedro marcaram. No fim, 4x2 para a Croácia e o Brasil, mais uma vez, cai nas quartas de final.


Em oportunidades futuras, escreverei com mais profundidade sobre o presente e passado da seleção brasileira, tal como suas relações com os torcedores. Só entendo que, apesar de frustrante, o cenário não deve ser entendido como "terra arrasada". Diferente de outras copas, o Brasil possui, na minha opinião, a sua melhor geração desde 2006 e que está mais familizarizada com os avanços do jogo e do esporte no cenário do século XXI. Equilibrar tais avanços com a habilidade característica do futebol brasileiro, será um dos muitos desafios desse próximo ciclo pós-Catar, que agora será sem o técnico Tite no comando da seleção brasileira.


Não sabemos ainda quem será o novo treinador da seleção (e a escolha de um nome coerente se faz crucial para a realização de um bom trabalho a longo prazo). Todavia, é inegável que quem chegar, encontrará uma base já montada para se iniciar um desenvolvimento visando a Copa de 2026. Pena que, diferente do que esperava a torcida brasileira, será sem o hexa.


FICHA TÉCNICA


BRASIL 1 (2) x 1 (4) CROÁCIA

Local: Estádio Cidade da Educação, em Doha (Qatar)

Data: 9 de dezembro de 2022 (sexta-feira)

Horário: 12h (de Brasília)

Árbitro: Michael Oliver (Inglaterra)

Assistente 1: Stuart Burt (Inglaterra)

Assistente 2: Gary Beswick (Inglaterra)

VAR: Pol Van Boekel (Holanda)

Público: 43.893 pessoas

Cartões amarelos: Danilo, Casemiro e Marquinhos (Brasil) e Brozovic e Petkovic (Croácia)


GOLS: Brasil: Neymar, aos 15 minutos do primeiro tempo da prorrogação Croácia: Petkovic, aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação


BRASIL: Alisson, Éder Militão (Alex Sandro), Thiago Silva, Marquinhos e Danilo; Casemiro e Lucas Paquetá (Fred); Raphinha (Antony), Neymar e Vini Jr (Rodrygo); Richarlison (Pedro). Técnico: Tite


CROÁCIA: Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa (Budimir); Brozovic (Orsic), Modric e Kovacic; Pasalic (Vlasic), Kramaric (Petkovic) e Perisic. Técnico: Zlatko Dalic






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