ABI pede a renúncia de Bolsonaro 'tresloucado'

Em nota assinada pelo presidente Paulo Jerônimo, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) pede a renúncia de Jair Bolsonaro após ele ter insultado uma repórter da Globo e um repórter da CNN Brasil nesta segunda-feira (21).
“Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN”, denuncia a entidade.
“Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista”, continua.
Segundo a ABI, “diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022. É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados”.
Por isso, a associação defende o impeachment de Jair Bolsonaro, mas apelou que, para o bem da democracia, a solução mais rápida seria a renúncia.
Ataques à imprensa
Pela manhã, Jair Bolsonaro se mostrou descontrolado, gritou com a jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, e com um repórter da CNN Brasil durante visita a um hospital de campanha em Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Ele ainda tirou a máscara de proteção durante seu ataque raivoso.
Bolsonaro chegou a se mostrar decepcionado pela cobertura jornalística das manifestações do último sábado (19), que reuniram milhares de pessoas no Brasil e no mundo.
"CNN, vocês elogiaram a passeata de domingo. Jogaram fogos de artifícios em vocês, e vocês elogiaram ainda", protestou, dirigindo-se ao repórter.
Questionado pela repórter sobre a dispensa do uso de máscara, Bolsonaro se irritou, disse "cala a boca", e passou a fazer uma série de ofensas à imprensa, como "vocês não ajudam em nada", "vocês são uns canalhas", "vocês destroem a família brasileira, a religião brasileira".
Nem mesmo a própria equipe do governo escapou do surto do presidente da República, que mandou seu "staff" também "calar a boca".
Nota oficial da ABI
Renuncie, presidente!
Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN.
Com seu destempero, Bolsonaro mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo.
Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista.
Seu comportamento chega a enfraquecer o movimento antimanicomial – movimento progressista e com conteúdo profundamente humanitário. Já há quem se pergunte como um cidadão com tamanho desequilíbrio pode andar por aí pelas ruas.
Mas a situação é ainda mais grave: esse cidadão é presidente de um país com a importância do Brasil.
Diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022.
É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados.
Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.
Outra solução – até melhor, porque mais rápida – seria que ele se retirasse voluntariamente.
Então, renuncie, presidente!
Paulo Jeronimo
Presidente da ABI