Abuso de remédios na pandemia favorece surto de sarna em SC
Não é novidade que tomar remédios sem necessidade não apenas enfraquece o sistema imunológico de quem se automedica, mas também pode contribuir para o surgimento de patógenos mais resistentes na natureza, como as superbactérias, super fungos e parasitas. Em Santa Catarina, duas cidades onde o negacionismo prevaleceu durante a pandemia e os habitantes abusaram do uso inútil de Ivermectina e Azitromicina contra a covid-19, estão passando por um surto de sarna sem precedentes.
Segundo os cientistas, o uso desses medicamentos em doses elevadas pode favorecer o surgimento de um super ácaro parasita da espécie Sarcoptes scabiei, causador da sarna.
Primeiro, a infestação da escabiose foi registrada no Balneário Camboriú. E agora chegou à cidade vizinha Itapema, onde uma creche precisou ser interditada. Os dois municípios votaram maciçamente em Bolsonaro nas últimas eleições e isso talvez não seja uma coincidência.
Em Balneário Camboriú, no segundo turno das últimas eleições 74,57% dos eleitores escolheram Jair Bolsonaro (PL), contra 25,43% de votos em Lula (PT). Já Itapema deu 76,32% dos votos ao candidato da extrema-direita em 2022.
A médica infectologista Rosalie Knoll comentou que pode haver resistência do parasita responsável pela sarna com o uso do remédio, mas ressalta que seria preciso fazer testes para comprovar essa correlação.
Mesmo já passada a pandemia — época em que a Ivermectina se popularizou e foi usada por conta própria pelas pessoas como parte do 'kit covid' indicado pelo ex-presidente Bolsonaro (PL) —, o tempo, segundo ela, não seria fator de influência.
“O tempo não é importante numa resistência a medicamento, mas sim o uso abusivo. O mesmo pode ser pensado para a Azitromicina, que foi usada como água”, comentou Rosalie.
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