Acusado de sabotar o Guandu despacha no Guanabara
EXCLUSIVO:
Demitido por Witzel por ser o pivô da crise da geosmina, Hélio Cabral trabalha para a privatização da Cedae de dentro da sede do governo do estado.
Acusado por sindicalistas de sabotagem por ter autorizado a quebra de protocolo que provocou a contaminação da água da Cedae pela geosmina, o ex-presidente da companhia, Hélio Cabral, tem sido visto diariamente no Palácio Guanabara. Demitido no início de fevereiro pelo governador Wilson Witzel, fontes do próprio palácio indicam que ele teria sido nomeado como conselheiro de órgão vinculado ao estado e estaria dando expediente na própria sede do governo para cumprir a missão para a qual foi chamado: preparar a privatização da Cedae.
Mesmo diante de todas as evidências sobre a sabotagem na Estação de Tratamento do Guandu, Witzel levou mais de um mês para afastar Hélio Cabral da presidência da Cedae. Ele só foi demitido depois que as denúncias, feitas em primeira mão pelo TODA PALAVRA, de que teria impedido que fosse cumprido o plano de contingenciamento - um protocolo oficial da companhia - para o caso de contaminação por algas, ganharam repercussão na grande mídia.
Hélio Cabral, que também está indiciado pela morte das vítimas do rompimento da barragem de Sobradinho, em Mariana - àquela época ele era membro do conselho da Samarco, subsidiária da Vale do Rio Doce -, tem, segundo o próprio governador, a atribuição explícita de organizar a privatização da Cedae.
“A missão do Hélio é tornar a companhia eficiente para tornar o leilão de outubro atrativo e ele iniciou um processo de organização. O Hélio vem fazendo esse trabalho. O Conselho de Administração tem avaliado positivamente”, disse Witzel antes de exonerá-lo, enquanto ainda tentava blindá-lo na presidência da companhia.
Fontes da Cedae também informaram que, após ser demitido, Hélio Cabral teria tentado entrar para o próprio Conselho de Administração da empresa, cujos membros são indicados pelo governador. Contudo, o seu nome teria sido vetado pelo presidente do conselho, Edmundo José Rodrigues Neto, e pelo próprio presidente da companhia, Renato Lima do Espírito Santo. A solução, então, teria sido acomodá-lo em outro setor da administração estadual, mas o fato de estar despachando do Palácio Guanabara é uma evidência de que ele está cumprindo ordens de interesse direto do alto escalão do governo.
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