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Após ataque hacker, governo adia exigência a viajantes

Atualizado: 11 de dez. de 2021


(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O governo decidiu adiar em uma semana a entrada em vigor da portaria que exige dos viajantes não vacinados que queiram ingressar no país apenas uma quarentena de cinco dias e testes de covid-19. O motivo foi o ataque hacker a sites, aplicativos e sistemas do Ministério da Saúde, na madrugada desta sexta-feira.

Segundo informação do secretário executivo do ministério, Rodrigo Cruz, o site e a página do Ministério da Saúde e o aplicativo do ConecteSUS, que fornece o Certificado Nacional de Vacinação Covid-19, foram invadidos. A página do ministério já voltou a funcionar, mas ainda não é possível acessar os dados sobre a vacina contra covid-19, fornecidos pelo ConecteSUS.

Também foi afetado o e-SUS Notifica, que recebe notificações dos estados e municípios sobre a síndrome gripal suspeita e confirmada de covid-19. Outro sistema afetado foi do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).

"O ministério está estruturando algumas ações que vão ser tomadas em função da indisponibilidade, em especial do sistema da vacina. Mas uma decisão eu já posso antecipar: estive na Casa Civil e a gente vai postergar a vigência da portaria que trata das fronteiras, em especial aqueles itens que tratam do certificado de vacinação ou, em caso contrário, o cumprimento da quarentena", disse o número 2 da Saúde, em conversa com jornalistas.

Segundo o secretário, o objetivo é evitar que brasileiros que já estejam em viagem no exterior sejam prejudicados por não conseguiram baixar documentos que comprovem a vacinação contra covid-19.

"A quem interessa?"

O ataque hacker ocorre no momento em que as novas regras sanitárias para viajantes entrariam em vigor neste sábado (11). O ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou nesta sexta-feira à Revista Fórum que entrou com requerimento de informação ao ministério da Saúde sobre o cumprimento por parte do governo da implantação da lei que protege dados de pacientes.

Padilha estranha que “todos os sistemas do SUS foram atacados justamente na semana que aprovamos nossa lei que pune quem vaza dados e quando governos estaduais e municipais planejam implantar passaporte vacinal". Padilha questiona: "A quem interessa esse ataque?”.

O biólogo Atila Iamarino utilizou as redes sociais também para levantar que o ataque pode ter tido esta finalidade: "Vandalizam os dados do ConecteSUS de pessoas com visibilidade para atacar justamente a certidão de vacinação. Agora, no meio do atrito de Ministério da Saúde, Anvisa e São Paulo sobre a cobrança de passaporte vacinal, o sistema é atacado e sai do ar."

Com o adiamento, as medidas que entrariam em vigor neste sábado só passarão a valer a partir do próximo sábado (18).

De acordo com a portaria suspensa temporariamente, para entrar no Brasil viajantes terão que apresentar comprovante de vacinação completa contra a covid-19, sendo que a aplicação da última dose ou da dose única deve ter acontecido pelo menos 14 dias antes do embarque. Também será exigido teste RT-PCR negativo realizado até 72 horas antes ou teste negativo de antígeno realizado 24 horas antes.

Entretanto, os passageiros sem comprovante de vacinação também serão autorizados a entrar. Basta que apresentem resultados dos testes e passem por uma quarentena de cinco dias na cidade listada como destino final na Declaração de Saúde do Viajante.

Bolsonaro para Doria: 'teu estado, o cacete, porra"

Na quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que vai exigir o passaporte vacinal no estado para viajantes a partir de 15 de dezembro, caso o governo não torne o documento obrigatório.

Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a agir com palavreado chulo, após elogiar a Assembleia Legislativa de Rondônia, que aprovou um projeto proibindo a obrigatoriedade do passaporte:

"Outro governador, aqui da região Sudeste, quer fazer o contrário. E ameaça: ‘Ninguém vai entrar no meu estado’. Teu estado, o cacete, porra. E se não tiver vacinado? E nós todos temos que reagir. E reagir como? Protestando contra isso."

Dados de uma pesquisa semanal realizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e divulgada nesta sexta-feira mostram que a grande maioria das cidades brasileiras quer que o governo federal exija a apresentação do comprovante de vacinação contra a covid-19 para a entrada de viajantes no Brasil. De acordo com a CNM, dos 2.662 prefeitos ouvidos no estudo, 94% querem a adoção da medida.

Apenas 50 prefeitos se manifestaram contra a exigência, e 66 informaram não ter decidido sobre a obrigatoriedade do documento.


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