As cinco prioridades brasileiras para a Cúpula BRICS de 2025
Luiz Augusto Erthal
Ao participar do lançamento de um caderno criado pelo BRICS Policy Center, na quarta-feira, 11, no Rio de Janeiro, a ministra Paula Barboza, coordenadora-geral do BRICS no Ministério das Relações Exteriores, anunciou, em entrevista exclusiva ao TODA PALAVRA, quais serão os cinco temas principais a serem apresentados pelo governo brasileiro na reunião de cúpula do bloco, em 2025, no Brasil. Ela também confirmou que temas importantes propostos pela Rússia na Cúpula de Kazan, como o estabelecimento de um meio de pagamento internacional dos países BRICS alternativo ao dólar e o projeto de criação de uma bolsa comum de grãos entrarão na pauta da presidência brasileira.

Paula Barboza afirmou que a “Cúpula do Brasil terá uma presidência focada em resultados. Para o governo brasileiro, segundo ela, as cinco prioridades serão reforma da governança global, governança da inteligência artificial, mudança do clima, desenvolvimento institucional do clima e cooperação Sul-Sul com foco em saúde. O objetivo é fazer da Cúpula do BRICS uma ponte entre o G20, realizado no mês de novembro, no Rio de Janeiro, e a COP-30, que acontecerá no final do ano que vem em Belém, na Amazônia Brasileira.
Embora não estejam entre os cinco temas elencados como os mais importantes para o Brasil, o desdobramento e aprofundamento, nos debates a serem travados pelos países membros em Belém, de alguns temas propostos pela presidência russa este ano vão de encontro aos interesses do país que entrega, no final deste mês, a presidência do bloco ao governo brasileiro.
Em entrevista recente à TV BRICS, parceira do TODA PALAVRA, o chanceler russo Sergey Lavrov manifestou a sua expectativa de que o Brasil dê continuidade às propostas apresentadas pela Rússia em Kazan. No caso da criação de um meio de pagamento internacional alternativo ao dólar, ele lembrou que, originalmente, essa demanda partiu do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cúpula da África do Sul, em 2023, e foi reafirmada por ele ao participar por videoconferência dos debates de outubro, em Kazan.
Assista a reportagem em vídeo com a entrevista da ministra:
Para entender o BRICS
O lançamento do Caderno para Entender o BRICS, na sede do BRICS Policy Center, em Laranjeiras, reuniu especialistas, acadêmicos e representantes governamentais para debater os desafios e oportunidades que o bloco BRICS enfrentará na próxima Cúpula de Líderes, marcada para julho de 2025. A diretora do BPC, Marta Fernández, destacou o propósito da publicação:
“O Caderno para Entender o BRICS faz parte de uma série, a BPC lançou esse ano ainda o Caderno para entender o G20. Comemorando os 15 anos de BPC, ao lançar esse caderno buscamos oferecer uma análise acessível sobre o bloco e suas interações com fóruns globais como o G20”, afirmou Marta.
Além da ministra Paula Barboza, participaram de uma mesa de debates o pesquisador Walter Desiderá (IPEA) e a representante da REBRIP, Graciela Rodriguez , abordaram a agenda da próxima Cúpula BRICS, que acontecerá no Brasil. O grupo discutiu temas como a expansão do bloco no formato BRICS+, a reforma das instituições globais e o papel do Brasil como articulador estratégico em fóruns multilaterais.
Em uma segunda mesa, os autores do caderno — Marta Fernández, a diretora adjunta Maria Elena Rodriguez e o mestrando Renan Canellas — destacaram os principais destaques da publicação. Maria Elena destacou “Nesse momento as narrativas sobre o BRICS não são muito positivas, e o papel do Caderno é desmistificar essas narrativas e mostrar o BRICS como ele é, um grupo de países emergentes com muitas possibilidades pela frente e sobretudo o Brasil tem muitas coisas a aproveitar e muitos desafios pela frente neste grupo”.

Sobre o Caderno
O Caderno para Entender o BRICS reflete o compromisso do BPC em democratizar o conhecimento sobre política internacional e promover diálogos que ampliem a inclusão global. A publicação analisa o papel do BRICS na governança mundial, suas conexões com outras plataformas como o G20, e o impacto de instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que financia projetos em países em desenvolvimento.
O material também reforça a relevância do Brasil na liderança do bloco em 2025, coincidindo com outras agendas internacionais, como a presidência do G20 e a realização da COP-30, no Pará.
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