Atos bolsonaristas agora usam táticas 'terroristas'
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina informou que efetuou a prisão de um homem de 37 anos em Joinville, interior de Santa Catarina, nesta segunda-feira (21). Ele é apontado por agentes como o líder de um grupo que invadiu rodovias do estado com bombas caseiras, armadilhas e rojões e fez barricadas com fogo durante o fim de semana.
A ação, que ocorre desde a noite de sexta-feira (18), foi descrita pela corporação como "criminosa e violenta".
Em nota, a PRF informou que o homem preso foi autuado pelo delegado da Polícia Federal pelos crimes de associação criminosa; exposição a perigo ao transporte público, impedindo ou dificultando o funcionamento; destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia e desobedecer a ordem legal de funcionário público, todos artigos do Código Penal.
Ele não teve direito a fiança e encontra-se no Presídio Regional de Joinville, segundo o comunicado.
"Em quase todos os pontos, os métodos utilizados lembraram os de terroristas ou de 'black blocs': bombas caseiras feitas de garrafas com gasolina, rojões, óleo derramado intencionalmente na pista, 'miguelitos' (pregos usados para furar pneus), pedras, além de barricadas com pneus queimados, latões de lixo, e troncos de árvores cortados e jogados deliberadamente na pista. Em vários pontos, houve depredação do patrimônio público (destruição de grades de proteção da rodovia)", disse o comunicado.
A polícia disse ainda que a maioria das paralisações deste fim de semana teve "caráter diferente das realizadas logo após as eleições".
"Na maior parte dos casos, tratava-se de ocorrências criminosas e violentas, promovidas no período noturno por baderneiros, homens encapuzados extremamente violentos e coordenados (agiam em diversas regiões do estado no mesmo horário)", apontou o comunicado.
Com auxílio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros estaduais, a PRF desbloqueou 30 pontos que estavam travados pelo grupo até a manhã desta segunda-feira.
Várias pessoas que participaram da ação estavam com o rosto encoberto para não serem identificadas.
De acordo com a corporação, porém, líderes do movimento foram identificados e novas prisões devem ocorrer nos próximos dias.
Chorão: 'Não agem de maneira espontânea'
Em entrevista ao Congresso em Foco, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim, conhecido como "Chorão", diz que os manifestantes que estão fazendo terrorismo são funcionários de grandes empresas ligadas ao agronegócio e "não agem de maneira espontânea". Segundo ele, os empresários que incentivam as paralisações serão acionados pela justiça e cobrados por indenizações diante dos danos causados à categoria.
“Ninguém faz churrasco de graça para ninguém. Existe uma parcela muito pequena de caminhoneiros que de fato apoia o presidente Bolsonaro. Mas a outra parcela, de 80% a 90%, quer trabalhar e está sendo prejudicada”, disse Chorão.
O presidente da Abrava afirma ainda que não há motivo para a categoria apoiar Bolsonaro, pois ele não cumpriu as promessas assumidas com os caminhoneiros em 2018.
“Estão falando que os caminhoneiros estão parando as rodovias para salvar o país, pedindo intervenção militar e impeachment do ministro Alexandre de Moraes [do Supremo Tribunal Federal]. Até hoje não tive informação de que fecharam os comércios dos apoiadores do presidente, nem as fábricas de fertilizantes e do pessoal que produz soja. Eles estão por trás disso, mas é o caminhoneiro que está levando a fama”, declarou.
Com a Sputnik