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Aula-homenagem marca centenário de Paulo Freire em Niterói

Atualizado: 19 de set. de 2021

Por Mehane Albuquerque


Uma aula pública coletiva, no próximo domingo (19/9), às 10h30m, no coreto do Campo de São Bento, vai marcar as comemorações do centenário de Paulo Freire em Niterói. O tributo ao educador é realizado pelo Jornal Toda Palavra e conta com a participação de Maria Felisberta Trindade, Raphael Costa, Godofredo Pinto, Greyce Kelly Almeida, Lívia Ribeiro, Flavio Serafini e Waldeck Carneiro; e mediação do jornalista Luiz Augusto Erthal.


Sob o tema "A educação como direito humano", a aula-homenagem é aberta ao público e tem o apoio da Prefeitura de Niterói e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) — através das comissões de educação, de ciência e tecnologia, e da Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade de Cátedra e dos Cursos de Formação de Professores.

Divulgação

Comemorações por todo o país e eventos virtuais marcarão o centenário do educador. Em Niterói, porém, as homenagens têm um significado especial. Há 30 anos, em junho de 1991, Paulo Freire participou de um evento histórico na cidade, ao lado do antropólogo Darcy Ribeiro.


O encontro entre os dois maiores expoentes da educação brasileira aconteceu durante o seminário "Cieps - Crítica e Autocrítica". Cerca de dois mil professores estavam na plateia do antigo hotel Bucsky Mar, no morro do Gragoatá, para ouvi-los falar sobre aquele que foi, sem dúvida, o mais ousado e inovador projeto de educação pública já realizado no país e na América Latina. O debate não foi noticiado pela mídia na época e teve pouca repercussão fora dos meios acadêmicos, mas pautou a vocação de Niterói para abraçar o ensino e a difusão do conhecimento como causas.



Live


No sábado, dia 18/9, às 17h, uma live com o tema 'Paulo Freire e a emancipação dos oprimidos' será transmitida pelo Facebook do deputado estadual e professor Waldeck Carneiro.


Divulgação

O bate-papo conta com a participação de Glória Anselmo, pedagoga e subsecretária de Promoção da Igualdade Racial de Niterói; Graciane Volotão, pedagoga, professora e supervisora das redes de São Gonçalo e Búzios; Sandra Sales, professora e líder de grupos de pesquisae estudos em educaçãod e jovens adultos e de práticas de transformação; e do próprio Waldeck Carneiro, professor da UFF, ex-secretário de educação de Niterói e deputado estadual autor da lei "Plano de Metas Favla Cidadã".


Grafite


O artista urbano Davi Baltar fará uma homenagem ao meste no Campus da UFF no Gragoatá, no domingo (19/9), com um mural de grafite.


Concurso de poesia


A Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Fundação Municipal de Educação (FME) vão realizar o 20º Concurso de Incentivo à Leitura – Poesia, com o tema 'Paulo Freire: É tempo de esperançar!', uma homenagem ao centenário do educador, comemorado no próximo domingo (19/9). O lançamento oficial do concurso está marcado para este sábado (18/9) no evento 'Sabadou com Paulo Freire', que contará ainda com a apresentação da peça “Paulo Freire, o Andarilho da Utopia”, na Sala Nelson Pereira dos Santos.


Serão premiados poemas inéditos, escritos em língua portuguesa, com temática relacionada a biografia de Paulo Freire, suas obras, pensamentos e ideais de liberdade e esperança. Poderão participar do concurso alunos da Educação Infantil, do 1º ao 9º anos do Ensino Fundamental, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e também profissionais da educação. O objetivo é contribuir para a democratização da leitura, incentivar a formação de leitores e estimular a autoria de alunos e profissionais da Rede Municipal de Educação.


O concurso está dividido em três etapas, incluindo uma banca composta por especialistas convidados pela SME. As unidades deverão realizar a inscrição a partir do próximo sábado (18/9), através do link https://forms.gle/8aZR3ntPVyRqULU56, até o dia 8 de outubro. Os poemas selecionados em todas as etapas serão publicados em e-book e os vencedores receberão os prêmios por categoria. O edital do concurso pode ser consultado no Diário Oficial do município do dia 16 de setembro.


Programação


O evento “Sabadou com Paulo Freire” é uma homenagem da SME/FME ao centenário de Paulo Freire, o patrono da Educação. Além do lançamento do concurso, serão realizados saraus, relatos de experiências da rede e a apresentação da peça “Paulo Freire, o Andarilho da Utopia”, dirigida por Luiz Antônio Rocha. A obra retrata os ensinamentos do patrono da educação brasileira e já foi visto por mais de 50 mil espectadores em todo o país. O evento tem entrada franca e inicia às 17h, na Sala Nelson Pereira dos Santos, localizada em São Domingos. Haverá transmissão ao vivo pelo Facebook da Educação Niterói.


Reprodução

UFF promove o '11° Interculturalidades: Primaverar, viver Freire'


De 21 a 30 de setembro, com o evento virtual '11° Interculturalidades: Primaverar, viver Freire', a Universidade Federal Fluminense comemora o centenário do humanista, educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, patrono da educação e um dos intelectuais mais lidos e estudados em todo o mundo. Freire completaria 100 anos em 19 de setembro, e a esta data se soma outra muito marcante para a instituição: 25 anos atrás, em fins de agosto de 1996, a UFF concedeu a Paulo Freire o título de doutor honoris causa.


O '11° Interculturalidades: Primaverar, viver Freire' vai trazer para as redes sociais do Centro de Artes UFF duas semanas repletas de conferências, rodas de conversas, mesas, relatos de experiência, oficinas e apresentações artísticas.


No dia 21, data de lançamento, a partir das 15h haverá a abertura institucional, com a participação da viúva do homenageado, Nita Freire, e de autoridades da UFF realizadoras do evento, além do lançamento da exposição virtual 'Angicos'. A exposição, que pode ser vista pelo site do Centro de Artes UFF (http://www.centrodeartes.uff.br), faz alusão a uma experiência pedagógica ocorrida na cidade interiorana de mesmo nome, localizada no Rio Grande do Norte, onde em 1963 educadores formados por Paulo Freire alfabetizaram moradores da região. Aquela experiência contribuiu muito para o fortalecimento do “Método Paulo Freire”, sob o qual o contato dos alunos com referências próximas ao seu convívio facilita o aprendizado.


Conferências:


Dia 21/9 - 'Paulo Freire: inspirador do amor e da libertação', com Leonardo Boff, teólogo e filósofo

Dia 22/9 - 'Paulo Freire e o esperançar nos dias de hoje', de Sérgio Haddad, biógrafo de Freire

Dia 23/9 - 'Sonhar a terra', com Daniel Munduruku, educador e ativista indígena

Dia 24/9 - 'Educação como prática política: o legado de Paulo Freire', com Luiza Erundina, assistente social, ex-prefeita de São Paulo e deputada federal

Dia 27/9 - 'Compartilhar a vida, respeitar a diferença e transformar mundos', com Carlos Rodrigues Brandão, autor, pesquisador e professor da Unicamp

Dia 28/9 - 'Palavra que lavra, que semeia ideias no coração de todos', com Tatiana Henrique, atriz e pesquisadora do teatro

Dia 29/9 - 'Lutar - Caminho Que Não se Percorre Só', com Preta Ferreira, cantora, produtora, apresentadora e ativista


Arte e Cultura:


Dia 25/9, às 16h - Música Antiga da UFF e Quarteto de Cordas da UFF

Dia 25/9, às 18h - Tributo "Zé Keti - a voz do morro", com participação de Geisa Keti, filha de Zé Keti

Dias 22 e 26/9, às 20h - Peças teatral "Paulo Freire - o andarilho da utopia", com o ator Richard Riguetti

Dia 25/9, às 20h - "Paulo Freire e o mundo lá fora”, do Coletivo En La Barca Jornadas Teatrais

Dias 23 e 29, às 20h - Performances cênicas, oficinas culturais, mesas com artistas e o "Ciclo Apalavrar"; mostra de filmes e debates que buscam refletir sobre a interferência da Educação na vida cotidiana, proporcionando libertação, esperança e autonomia.

Reprodução

Ensinar e aprender


Também estarão representados educadores e lideranças que compartilham seu “ensinar-aprender” – conceito fundamental para quem segue o legado de Paulo Freire. Sob o tema "Legado de libertação em Paulo Freire: emancipação e transformação social a partir das lutas populares socioambientais", participam Maria Raimunda (MST-MA), Charles Torcate (filósofo e coordenador do Nacional do Movimento pela soberania popular na Mineração/PA) e Diego Chabalgoity (autor do livro "Ontologia do oprimido - construção do pensamento filosófico em Paulo Freire").


Na mesa, "A experiência de Angicos", haverá a presença de Marcos Guerra, participante das ações de alfabetização em Angicos, além das professoras Nilcéa Lemos Pelandré, e Jaqueline Ventura (mediadora). Já a mesa "O legado freireano e os movimentos sociais", contará com a participação de Rubneuza de Souza (Educação do MST), Givânia Maria da Silva (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e Rodrigo Lopes (Associação dos Motofrentistas por Aplicativos - PE).


As lideranças indígenas Algemiro Karai Mirim (professor de guarani) e Karai Papa (professor e cineasta) estarão na mesa "Kyringue Mbya Reko - O modo Guarani Mbya de ser criança", e Célia Xakriabá (professora indígena) divide com José Jorge de Carvalho (antropólogo da UnB) a mesa "Políticas afirmativas: resistência e emancipação". Fatinha do Jongo de Pinheiral (Maria de Fátima da Silveira Santos), Mãe Marcia du Sàkpáta (Marcia Regina Vital da Silva) e Lygia de Oliveira Fernandes são as convidadas da mesa "Encontros e saberes compartilhados".


Acompanhe o site e as redes sociais do Centro de Artes UFF para mais detalhes sobre a programação


Site: www.centrodeartes.uff.br

Facebook: http://facebook.com/centrodeartesuff

Instagram: http://instagram.com/centrodeartesuff

YouTube: http://youtube.com/centrodeartesuffoficial

Paulo Freire em Angicos, 1963 / Reprodução

O educador, filósofo e humanista


Paulo Reglus Neves Freire, patrono da educação brasileira, nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921 e morreu em maio de 1997. Até hoje é um dos mais pensadores mais respeitados na pedagogia internacional, referência em educação. Seu livro 'Pedagogia do Oprimido' propõe um método de alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas, utilizando palavras presentes na realidade delas, diferentemente do modelo tradicional de alfabetização das cartilhas. 'Pedagogia do Oprimido' a terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos de ciências sociais em todo o mundo.


O método criado por ele, considerado revolucionário, foi aplicado pela primeira vez, com sucesso, há mais de 50 anos, em 1963, na cidade de Angicos, sertão do Rio Grande do Norte. A experiência, inédita no Brasil, tinha um objetivo ousado: alfabetizar adultos em 40 horas de aula, sem cartilha. Paulo Freire, porém, queria ir mais longe. Pretendia despertar a consciência política daquelas pessoas. Freire teve contato prévio com os alunos, estudando suas realidades, suas histórias de vida e o contexto em que estavam inseridos.


Em 1963, o nordeste possuía aproximadamente 15 milhões de analfabetos. Ou seja, 50% da população nordestina na década de 1960. A primeira experiência foi realizada com 300 trabalhadores rurais, sem acesso à escola, e que formavam um grande contingente de excluídos da participação social. Angicos tinha, então, 13 mil habitantes e 75% deles eram analfabetos.


“Já naquela época Paulo Freire defendia um conceito de alfabetização para além da decodificação dos códigos linguísticos, ou seja, não basta apenas saber ler e escrever, mas fazer uso social e político desse conhecimento na vida cotidiana”, explica Sonia Couto, que é licenciada em Letras e Pedagogia, com mestrado e doutorado pela Faculdade de Educação da USP e coordenadora do Centro de Referência Paulo Freire (CRPF), entidade mantida pelo Instituto Paulo Freire.


Freire foi o brasileiro mais homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América. Recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz em 1986.Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a Lei nº 12 612, que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.


Convidado pelo presidente João Goulart e pelo Ministro da Educação, Paulo de Tarso Santos, para repensar a alfabetização de adultos em âmbito nacional, foi preso e exilado em 1964, depois do golpe militar. Na época, seu projeto era instalar 20 mil círculos de cultura para 2 dois milhões de analfabetos em todo o país.


A perseguição


Recentemente, apesar do legado que deixou ao mundo, Paulo Freire passou a ser perseguido pelo atual governo brasileiro e seus apoiadores. Seu trabalho tem sido menosprezado e criminalizado pelos radicais da ultra-direita, seguidores de Bolsonaro. Porém, às vésperas de seu centenário, a juíza Geraldine Vital, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, decidiu que "o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os membros de seu governo estão proibidos de atentar contra a honra e dignidade do patrono da educação brasileira". A decisão foi proferida na última qiuinta-feira (16/9).


“Ante o exposto, por evidenciada a urgência contemporânea à propositura da ação, aliado ao perigo de dano e risco ao resultado útil do processo, defiro a tutela de urgência para determinar que a União Federal, e quem a represente a qualquer título, abstenha-se de praticar qualquer ato institucional atentatório a dignidade do Professor Paulo Freire na condição de Patrono da Educação Brasileira, como reconhecido pela Lei 12.612/12”, sentenciou a juíza.








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