Bahia registra 8 mortos e 6,3 mil desabrigados pelas chuvas

Subiu para oito, nesta segunda-feira (13), o número de mortos e 267 feridos após seis dias de chuvas intensas que atingem a Bahia. De acordo com a Defesa Civil estadual, 6.371 estão desabrigados, outros 15.199 desalojados. Ao todo, 220.297 pessoas foram atingidas. As regiões mais afetadas estão no sul estado.
Os temporais fizeram rios transbordarem, casas foram inundadas, e com estradas e pontes destruídas algumas cidades estão ilhadas e incomunicáveis. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), declarou situação de emergência em 51 municípios devido ao temporal.
Embora a chuva tenha diminuído significativamente e em muitas localidades as águas estejam baixando, a força-tarefa mobilizada pelo governo do estado para atendimento à população no extremo sul com equipes do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, Grupamento Aéreo da Polícia Militar e a Defesa Civil do estado seguem atuando.
Milhares de cestas básicas, além de roupas, água e itens de uso pessoal já foram distribuídos pelos grupamentos de bombeiros militares das cidades de Porto Seguro e Eunápolis. Os donativos foram recolhidos pela população e entregues com ajuda dos agentes.
O governador anunciou o início do planejamento para recuperação das cidades afetadas. “Vamos iniciar a recuperação e reconstrução de muitas casas que foram perdidas. Vamos iniciar essa reconstrução em um local mais adequado, mais alto, fora do alcance das águas dos rios. Nesta segunda, vamos fazer uma grande reunião com as secretarias e prefeitos para decidir novas ações”, disse Rui Costa, antecipando que haverá lançamento de uma linha de crédito especial para comerciantes afetados pelas chuvas. "Vamos oferecer um crédito de até R$ 150 mil, subsidiado, sem juros, com prazo de carência de 12 meses, ou seja, um ano sem pagar nada. A partir de um ano, [o pagamento será dividido em] 36 parcelas", detalhou.
No domingo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou as regiões afetadas acompanhado pelos ministros da Cidadania, João Roma; do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho; do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; e da Saúde, Marcelo Queiroga.
O MDR anunciou a liberação de R$ 5,8 milhões para os municípios de Eunápolis, Itamaraju, Jucuruçu, Ibicuí, Ruy Barbosa, Maragogipe e Itaberaba. O governo federal também autorizou o emprego de tropas do Exército no resgate e realocação de pessoas desabrigadas pelas enchentes e inundações.
"Rídicula", diz governador
Na ocasião, Jair Bolsonaro usou a tragédia para criticar as medidas de restrições decretadas por governadores e prefeitos para combater a pandemia da covid-19. “Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, e o pessoal da Bahia, fecharam todo o comércio e obrigaram o povo a ficar em casa. Povo, em grande parte informais, condenados a morrer de fome”, disse Bolsonaro.
A declaração foi dada pouco depois de o ministro João Roma pedir para que a tragédia não fosse usada na “disputa política e ideológica”.
No mesmo domingo, o governador Rui Costa reagiu à provocação de Bolsonaro, dizendo que não tinha tempo para "politicagem barata".
Nesta segunda-feira, Rui Costa definiu como um "ato político" a visita do presidente e também chamou de "ridícula" a liberação do FGTS (Fundo de Garantia e Tempo de Serviço) à população afetada pela enchente no estado. "Foi um ato político de campanha, fazendo carreata na cidade de Itamaraju e agredindo jornalistas. Infelizmente, vivemos no Brasil várias tragédias seguidas. A maior tragédia é a gestão do presidente. Bolsonaro não tem nenhum sentimento de humanidade, de empatia", disse.
Dez mortos
No meio da tarde, a Defesa Civil do estado contabilizou mais duas mortes, aumentando para dez as vidas perdidas durante as enchentes.