Barroso diz que militares são orientados a atacar sistema eleitoral
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar e desacreditar o processo eleitoral e usou como exemplo o desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios em agosto do ano passado. Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) por seus frequentes ataques às urnas eletrônicas, Barroso disse que existe uma tentativa de levar os comandantes militares ao "varejo da política".
“Um desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória. Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral. Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar. Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”, disse Barroso durante participação em um seminário promovido neste domingo (24) por uma universidade alemã, de acordo com o Globo. No ano passado, em meio a acusações sem prova de Bolsonaro para desacreditar o sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral convidou representantes das três Forças para participarem do processo de fiscalização das urnas.
Barroso ressaltou que vê como um risco real o que chamou de esforço de politização dos comandantes militares.
“Um fenômeno que em alguma medida é preocupante, mas que até aqui não tem ocorrido, mas é preciso estar atento, é o esforço de politização das Forças Armadas. Esse é um risco real para a democracia e aqui gostaria de dizer que, eu que fui um crítico severo do regime militar, militante contra a ditadura, nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio notícia ruim foi as Forças Armadas. Gosto de trabalhar com fatos e de fazer justiça”, destacou.
Para Barroso, é importante que as Forças Armadas "não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de Estado que é o universo da fogueira das paixões políticas".
O ministro do Supremo lembrou ainda os generais que foram afastados por Bolsonaro, de maneira inédita.
"Não se deve passar despercebido que militares profissionais e admirados e respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três comandantes, todos foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha acontecido", disse Barroso.
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