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Bolsa de Grãos do BRICS fortalece mercado de cereais


Em outubro de 2024, a Rússia, um dos maiores exportadores mundiais de grãos, propôs a criação de uma Bolsa de Grãos para os países do grupo. O presidente da russo Vladimir Putin apresentou a ideia durante a cúpula dos chefes de Estado do grupo, realizada em Kazan. Delegações estrangeiras aprovaram a iniciativa, reconhecendo nela um grande potencial para o desenvolvimento da cooperação na área de segurança alimentar.

Em um comentário exclusivo para a TV BRICS, rede parceira do TODA PALAVRA, Marina Panjujeva, doutora em História, especialista em relações internacionais do Conselho Russo para Assuntos Internacionais, professora associada e ex-pesquisadora do Instituto de Informação Científica em Ciências Sociais da Academia Russa de Ciências, destacou que essa iniciativa pode fortalecer a cooperação econômica, criar um mecanismo independente para pagamentos em moedas nacionais e garantir a segurança alimentar.


Panjujeva apontou para o grande potencial de crescimento das exportações de grãos com a criação de tal bolsa.


"Segundo a União dos Exportadores de Grãos, com a ampliação do BRICS a partir de 2024, os países-membros colherão neste ano 1,24 bilhão de toneladas de grãos, o que representa 44% da produção mundial. Os EUA ocupam o segundo lugar, com 450 milhões de toneladas, mas China, Índia, Rússia e Brasil produzem, juntos, três vezes mais que os EUA", afirmou.


Vários especialistas também acreditam que essa medida será de grande importância para a implementação dos objetivos estabelecidos pela ONU na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.


Segundo o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Patruchev, o projeto criará todas as condições necessárias para o surgimento de indicadores de preços independentes para o mercado de grãos. Ainda de acordo com ele, isso contribuirá para uma avaliação mais objetiva do valor dos produtos agrícolas nos mercados globais de commodities.


Debates na capital do norte da Rússia


A criação da Bolsa de Grãos do BRICS foi amplamente debatida no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF 2025), realizado em junho.


Na ocasião, o vice-ministro da Agricultura da Rússia, Maksim Markovitch, afirmou que o país em breve enviará aos demais integrantes do grupo sua proposta conceitual para a criação da bolsa. Segundo ele, a ideia ainda está em fase de elaboração.


Emirados Árabes Unidos apoiam iniciativa


No SPIEF 2025, Patruchev e o ministro da Economia dos Emirados Árabes Unidos, Abdulla Bin Touq Al Marri, discutiram a cooperação em torno da Bolsa de Grãos do BRICS.


É evidente que essa iniciativa tem enorme relevância para os Emirados Árabes Unidos, um dos novos membros do BRICS, considerando que cerca de um terço do grão importado pelo país é de origem russa. Essa estimativa foi apresentada anteriormente pelo representante comercial da Rússia nos EAU, Andrei Terekhin.


"Devido às suas condições naturais, os Emirados são altamente dependentes de alimentos importados. As importações representam mais de 90%", disse ele.


Avaliação de Moscou


Idealizadora da proposta, a Rússia vê grande potencial na criação da bolsa. Piotr Tchekmarev, chefe do Comitê do Complexo Agrário da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, destacou a alta demanda por uma bolsa desse tipo no atual cenário global.


Em um comentário exclusivo à TV BRICS, ele afirmou que os países do grupo representam quase metade da população mundial, o que implica um alto consumo de grãos. Segundo ele, há regiões com alta produção, como Rússia, Brasil e China; e outras com níveis mais baixos. Considerando a atual conjuntura econômica e política, os países devem atuar de forma mais coordenada dentro do grupo, fortalecendo sua estrutura e ampliando a cooperação, defende o especialista.


"Esse produto agrícola é um termômetro da economia e da diplomacia. E os alimentos desempenham aqui um papel central: eles moldam a política", acrescentou Tchekmarev.


Em sua opinião, uma plataforma como essa voltada para o comércio de grãos nesses países será muito relevante e amplamente utilizada.


"O comércio principal será entre os países do BRICS, por aqueles que quiserem comprar grãos por meio dela. Mas acredito que não ficará restrito apenas ao grupo, mas também atrairá outros países interessados. Essa plataforma funcionará como outras bolsas de commodities do mundo", explicou Tchekmarev.


Potencial russo de exportação de grãos


A Rússia possui vastos recursos para a colheita e exportação de grãos. De acordo com o Serviço Federal de Estatísticas da Rússia, o Rosstat, em 2024 a produção bruta de grãos foi de aproximadamente 125,9 milhões de toneladas.


O Ministério da Agricultura da Rússia, por sua vez, afirma que o país exportou 72 milhões de toneladas de grãos em 2024, representanto um recorde histórico. Para o Rosstat, os principais importadores do grão russo em 2024 foram:


  • Egito – 11,1 milhões de toneladas;

  • Turquia – 7,2 milhões de toneladas;

  • Irã – 5,6 milhões de toneladas.


A Rússia segue ampliando suas exportações de grãos. De acordo com estimativas do Agroexport, até 2030 o país poderá exportar mais de 75 milhões de toneladas.


África do Sul pode se tornar um centro logístico regional


A África do Sul, um dos principais importadores de grãos e trigo, pode se transformar em um polo logístico regional. A Rússia é tradicionalmente o maior exportador de grãos para o país. Especialistas acreditam que a criação da Bolsa de Grãos permitirá que a África do Sul compre trigo russo a preços mais vantajosos e de forma mais simplificada.


Analistas russos observam que a África do Sul é um importante centro agrícola regional e um ponto de trânsito estratégico no continente. Seus portos, especialmente os de Durban e Cidade do Cabo, viabilizam uma logística eficiente para o transporte de grãos e alimentos a outros países da região.


Segundo suas avaliações, essa infraestrutura poderá ser utilizada para o escoamento dos produtos via Bolsa de Grãos do BRICS.


Dessa forma, a criação da bolsa terá um impacto positivo tanto na economia quanto na infraestrutura da África do Sul e de outros países do continente africano.


Avaliações de especialistas da África do Sul


O pesquisador da Universidade de Tecnologia de Durban, Ndivhuho Tshikovhi, afirmou que a África do Sul vê com bons olhos essa iniciativa. Em entrevista exclusiva à TV BRICS, ele declarou que o país encara a proposta sob a ótica do pragmatismo geopolítico e das oportunidades econômicas.


"Como um dos fundadores do BRICS, a África do Sul apoia essa iniciativa como parte de uma agenda mais ampla voltada para uma reforma multivetorial. Essa proposta será um estímulo para o uso das moedas dos países-membros do BRICS", disse Tshikovhi.


Segundo analistas, a África do Sul vê a proposta como uma forma de proteção diante das incertezas globais, especialmente diante do aumento das tensões geopolíticas.


O especialista acredita que os líderes do agronegócio sul-africano poderão tirar proveito da iniciativa para expandir suas oportunidades comerciais, por exemplo, ganhando maior acesso aos mercados do Egito, Arábia Saudita, China e Emirados Árabes Unidos, o que se torna possível com a ampliação do grupo. No entanto, ele ressalta que o país ainda adota uma postura cautelosa diante de uma possível "dependência excessiva" das importações.


"Sendo um importador líquido de grãos [principalmente trigo], a África do Sul importou cerca de 2 milhões de toneladas em 2022. Esses números evidenciam uma dependência moderada, porém clara, das cadeias globais de abastecimento de grãos", concluiu Tshikovhi.


Importância da iniciativa para o mundo árabe


A maioria dos países árabes, incluindo todos os Estados do Golfo Pérsico, depende criticamente da importação de grãos devido às condições climáticas da região.


O maior importador de grãos do mundo árabe é, tradicionalmente, o Egito. A cada ano, o país aumenta o volume de grãos comprados do exterior. Estima-se que, entre 2025 e 2026, o Egito importe até 13 milhões de toneladas de trigo.


A importância de uma iniciativa como essa para os países árabes é imensa. Em entrevista exclusiva à TV BRICS, o embaixador do Fundo de Apoio às Comunicações Empresariais BRICS+ na Jordânia, Naser Abu Nassar, frisou que a proposta tem um significado estratégico para todo o mundo árabe.


Ele também destacou que, nos anos 1960, muitos países árabes eram exportadores de grãos, mas, após períodos de instabilidade geopolítica, tornaram-se dependentes das importações.


"Essa iniciativa complementa o projeto russo-chinês de construção de um mundo multipolar, baseado nos princípios de cooperação, fraternidade e respeito mútuo entre Estados e povos", concluiu Abu Nassar.


Fonte: TV BRICS, parceira do TODA PALAVRA

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