Bolsonaro confirma fake news contra eleição: 'Mandei, qual o problema?'
- Da Redação
- 23 de ago. de 2023
- 2 min de leitura

Nesta quarta-feira (23), em entrevista à Folha de S. Paulo durante um voo de Brasília a São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou o teor de mensagem enviada a um empresário aliado que tinha como conteúdo uma fake news com ataque ao sistema eleitoral brasileiro, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu mandei para o Meyer [Nigri], qual o problema? O [ministro Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso", afirmou Bolsonaro.
Meyer Nigri é o fundador da Tecnisa, e junto a Luciano Hang, da Havan, está sendo investigado por fazer parte de um grupo renomado de empresários que ajudou a espalhar fake news em junho do ano passado contra as urnas eletrônicas, o TSE e o STF. Na mensagem encaminhada pelo ex-presidente, ele pede ao empresário que "repasse ao máximo".
Com a evidência, a Polícia Federal decidiu intimar Bolsonaro para prestar depoimento sobre o caso. A data marcada para oitiva será no dia 31 deste mês.
Segundo o jornal, o ex-mandatário se recusou a falar sobre outros temas, como a questão das joias sauditas. Bolsonaro está acuado por várias frentes, e integrantes do PL já trabalham com a hipótese de ele ser alvo direto da PF, talvez até com pedido de prisão.
Ainda segundo a PF, o texto disparado por Bolsonaro foi parar nas redes sociais de aliados que, abertamente, pediram, meses depois, um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro a replicar em rede social o texto foi o militar da reserva Ailton Barros, hoje preso por envolvimento na fraude de cartões de vacinação operada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Barros chega a replicar a ordem para repasse em massa da fake news, e publica o texto enganoso 10 minutos após o disparo de Bolsonaro. Segundo as investigações já registraram, Barros escreveu a Cid apelando para que ele convencesse o ex-presidente a decretar a ação das Forças Armadas por um golpe.
O texto também foi encaminhado por um candidato ao Senado pelo PL do Amazonas, que não se elegeu, mas que frequentava acampamento em frente ao quartel-general de Brasília. O cabo Gilberto Silva também disseminou a mensagem. Ele é um dos investigados por suposto apoio aos atos golpistas do dia 8 de janeiro, com invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília.
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