Bolsonaro corta 96% dos investimentos em combate ao tráfico
Nas proximidades do apagar das luzes da atual gestão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) enviou na proposta de orçamento uma redução quase total dos investimentos no governo em repressão e prevenção ao crime pela Polícia Federal.
Os dados, segundo levantamento do Globo, apontam que os investimentos na área, que foram de R$ 99 milhões em 2021 e de R$ 92 milhões em 2022, cairão para R$ 3 milhões para o ano que vem.
A queda nos investimentos foi de R$ 89 milhões, um tombo de 96%. Por outro lado, os gastos com as despesas correntes na área aumentaram R$ 35 milhões, para R$ 190 milhões, mas o crescimento foi insuficiente para compensar a queda na despesa total para o programa, de R$ 54 milhões.
Os números fazem parte da ação orçamentária "Prevenção e Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas e a Crimes Praticados contra Bens, Serviços e Interesses da União". A área responde pelo foco da atuação policial, como investigações ou operações policiais.
Da mesma forma, outra área que caiu também foi o aprimoramento da infraestrutura da Polícia Federal, que foi de R$ 107,2 milhões para R$ 10,2 milhões. Ao todo, o orçamento de investimentos da PF caiu de R$ 234 milhões para R$ 31 milhões.
Cuidados com reeleição
O governo se cercou de cuidados para não prejudicar a campanha à reeleição de Bolsonaro ao enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, já que não há espaço para cumprir as principais promessas de campanha. O Auxílio Brasil, por exemplo, será de R$ 400 oficialmente no papel, mas Bolsonaro acena aos eleitores com promessa de manter R$ 600, caso seja reeleito, com possível dinheiro arrecadado em privatizações de empresas estatais. O benefício atual de R$ 600, chamado de eleitoreiro pela oposição, só vale até dezembro deste ano. Depois voltaria para R$ 400. O ex-presidente Lula (PT), assim como Bolsonaro, promete manter o auxílio em valor maior, se for eleito.
Por outro lado, o governo sinaliza que deve manter a reserva ao orçamento secreto, fonte de diversas denúncias de corrupção. O orçamento secreto deve consumir cerca de R$ 19 bilhões em 2023.
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