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Bolsonaro deixa preço da gasolina explodir e agora quer CPI


(Foto: Divulgação/Agência Petrobrás)

O presidente Jair Bolsonaro (pl) disse nesta sexta-feira (17) que pretende propor ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a diretoria e o conselho da Petrobras. A afirmação foi feita após a estatal anunciar um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel, em vigor a partir deste sábado (18).

A decisão do Conselho de Administração da Petrobras realizada na quinta-feira (16) irritou Jair Bolsonaro, que agora tenta frear o aumento de preços dos combustíveis, apesar de manter a política de Preço Paridade Internacional (PPI). A PPI dolariza os combustíveis e é a principal razão para o aumento sem controle.

"A ideia nossa é propor uma CPI para investigarmos o presidente da Petrobras, seus diretores e também os seus conselhos administrativos e fiscal", disse Bolsonaro, durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais. "Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles. Porque é inconcebível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo."

Bolsonaro fez um discurso que todos sabem há tempos que vem acontecendo: o aumento de lucro da Petrobrás até seis vezes mais do que petroleiras estrangeiras e distribuição de fortunas a acionistas estrangeiros e nacionais a título de dividendos.

"Ela lucra seis vezes mais do que a média das petrolíferas do mundo. As petroleiras fora do Brasil reduziram sua margem de lucro, continuam tendo lucro, para exatamente atender os anseios da sua população no momento de crise, porque isso tudo é fruto de uma guerra longe do Brasil", disse. “A Petrobras só no primeiro trimestre deste ano lucrou R$ 44 bilhões e você tem como reduzir essa margem de lucro, porque está previsto na Lei das Estatais que ela tem que ter um fim social.”

'Mentira' do governo Bolsonaro

Em seminário em defesa da Petrobrás, o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), lembrou que estatais e empresas públicas de capital misto têm "funções sociais" a cumprir e classificou como "mentira" do governo Bolsonaro o argumento de que não é possível alterar a atual política de preços de Petrobras. Dino afirmou que tanto a Constituição Federal como a Lei das Sociedades Anônimas estabelecem que estatais e empresas públicas de capital misto devem cumprir também suas "funções sociais". "A lei está do nosso lado", afirmou, conforme o portal Rede Brasil Atual.

"Não é algo ideológico defender que as empresas de economia mista, como a Petrobras, tenham trilhos de condução diferente das empresas privadas. Quem manda isso é a Constituição e as leis vigentes. E por isso, não poderia existir, como imposição, o Preço de Paridade de Importação (PPI). Porque viola as leis vigentes. E também viola o interesse público, a soberania nacional e a função social", disse o ex-governador, lembrando também que o PPI foi criado no governo golpista de Michel Temer e foi mantido por Bolsonaro.

Alerta para privatização

No mesmo evento, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, denunciou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo Bolsonaro, prepara a apresentação de um Projeto de Lei para privatizar a estatal. Aos moldes do que foi feito na Eletrobras, em vez de vender a companhia, o governo federal abriria mão do controle acionário da Petrobras.

"Mais uma vez, alertamos que a categoria petroleira não vai assistir a tudo isso de braços cruzados", disse ele. "Esperamos que, às vésperas de um processo eleitoral, o governo não tenha essa ousadia, essa audácia. Porque irá enfrentar a revolta não somente da categoria petroleira, mas da sociedade brasileira, que não aguenta mais ver essa empresa servir apenas a acionistas, principalmente estadunidenses, que estão ganhando muito dinheiro às custas do povo brasileiro".

'Mesma cantilena'

Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), a atual política de preços da Petrobras serve para jogar a população contra a empresa. "É tudo parte da mesma cantilena, que tenta manchar a imagem da empresa que sempre foi objeto de admiração por parte do povo brasileiro".

A deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP), por outro lado, criticou os militares "não nacionalistas e entreguistas" que fazem "vista grossa" para o atual processo de desmonte da Petrobras. Segundo ela, o atual governo "sabe" da derrota iminente nas eleições deste ano. Por isso, tenta acelerar a entrega do patrimônio público do país.

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