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Bolsonaro discursa hoje na Cúpula da Biodiversidade da ONU

O presidente Jair Bolsonaro gravou nesta terça-feira (29/9), no Palácio do Planalto, um discurso para a reunião virtual da Cúpula da Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU). A fala de Bolsonaro será veiculada na tarde de hoje (quarta), em Nova Iorque, por volta das 15h.

Reprodução

O conteúdo deverá ser pautado na defesa da Amazônia, na importância do crescimento sustentável e na preservação da biodiversidade para o desenvolvimento econômico. Ironicamente, a participação do presidente na reunião da cúpula ocorre ao mesmo tempo que a destruição de dois dos biomas mais ricos em biodiversidade no país: Amazônia e Pantanal.


A Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade, convocada pelo presidente da Assembleia-Geral ONU, Volkan Bozkir, terá como tema “Ação Urgente de Biodiversidade para o Desenvolvimento Sustentável”. Participarão do encontro ainda 22 autoridades, entre as quais a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, os primeiros-ministros da Itália, Giuseppe Conte, e do Reino Unido, Boris Johnson.


A expectativa é de que Bolsonaro siga na mesma linha do discurso de abertura da 75ª Assembléia Geral, na semana passada, quando se manteve distante da realidade e fez afirmações mentirosas. A participação de Bolsonaro na reunião acontece dois dias depois do lançamento de um programa do governo de regulamentação das atividades mineradoras, que inclui a exploração em reservas indígenas e em áreas de proteção ambiental. E no auge do processo de desmonte dos órgãos ambientais de conservação e fiscalização.


Também nesta mesma semana, o ministro Ricardo Salles derrubou duas normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de proteção a manguezais e restingas — igualmente ricas em biodiversidade. A medida beneficiaria empresários do agronegócio e incentivaria a especulação imobiliária em áreas de preservação. As revogações de Salles foram suspensas nesta terça-feira pela Justiça Federal.


Biodiversidade em cinzas

Segundo estimativa de pesquisadores e voluntários que trabalham no combate aos focos de incêndio em Mato Grosso, cerca de 20% da biodiversidade foi perdida com as queimadas no Pantanal. O fogo ainda consome várias áreas do bioma, inclusive no estado vizinho, Mato Grosso do Sul.


O pesquisador-chefe do projeto Bichos do Pantanal, Douglas Trent, que estuda a biodiversidade na região, afirmou que o fogo já matou milhares de animais, com menos chance de sobrevivência para os mais lentos, que não conseguem fugir das chamas.


Até agora, foram cerca de 3 milhões de hectares de terras queimadas no Pantanal, de acordo com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Segundo o Instituto SOS Pantanal, isso representa quase 19% do bioma no Brasil. O tamanho da devastação corresponde a 19 cidades de São Paulo. Segundo a Constituição Federal (artigo 225, parágrafo 4º) o Pantanal é patrimônio nacional.


Já na Amazônia, houve um aumento de 34% no desmatamento, segundo dados do Deter, programa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que detecta a destruição em tempo real.


Na primeira quinzena deste mês foram registrados 20.485 focos de calor pelo Programa Queimadas, do Inpe. Em todo o mês de setembro do ano passado foram 19.925 focos. Setembro de 2020 alcançou a média de 1,4 mil queimadas por dia.





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