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Bolsonaro mente a embaixadores sobre eleições brasileiras

Atualizado: 19 de jul. de 2022


(Reprodução)

Por Vanderlei Borges


Depois de alardear que apresentaria a embaixadores de vários países provas de que o sistema eleitoral brasileiro de urnas eletrônicas não é seguro e confiável, o presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição, apenas repetiu, na apresentação realizada nesta segunda-feira em pleno Palácio da Alvorada, suspeitas levantadas por bolsonaristas nas eleições de 2018 e já amplamente desmentidas por órgãos oficiais. E, mais uma vez, voltou a lançar ameaças, ao afirmar que as Forças Armadas não assistirão como espectadoras o processo eleitoral.

A apresentação, de viés eleitoreiro e ameaçador, foi transmitida ao vivo pela TV Brasil, emissora estatal. Bolsonaro restringiu o acesso da imprensa condicionando presença somente àqueles que concordaram previamente em transmitir o material ao vivo e na íntegra. Além de embaixadores, participaram do evento, ministros do governo, como Carlos França (Relações Exteriores), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin foi convidado, mas recusou "por dever de imparcialidade" sob alegação de que como presidente da Corte Eleitoral não poderia comparecer ao evento de um pré-candidato.

Bolsonaro baseou seu discurso no ataque hacker ao TSE durante as eleições de 2018. Além de afirmar que as eleições de 2018 foram fraudadas e as de 2020 não deveriam ter sido realizadas, uma vez que não tinha sido concluído o inquérito sobre o pleito anterior, o pré-candidato à reeleição, mais uma vez, mentiu ao afirmar que "o próprio TSE concluiu que há várias maneiras de se alterar o processo de votação".

“Segundo o inquérito, os hackers ficaram oito meses nos computadores do TSE e, ao longo do inquérito, houve a conclusão de que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar fotos, transferir uma informação para outro. O próprio Tribunal Superior Eleitoral concluiu que há várias maneiras de se alterar o processo de votação”, mentiu Bolsonaro, discursando para os mais de trinta embaixadores presentes.

O TSE, no entanto, já informou, por diversas vezes, que a tentativa de invasão hacker foi bloqueada e não interferiu em qualquer resultado. Bolsonaro, inclusive, é alvo de uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter divulgado nas redes sociais documentos sigilosos da Polícia Federal relacionados ao inquérito do ataque hacker.

Bolsonaro aproveitou o evento para atacar também o principal adversário, o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera todas as pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro. Criticou também os ministros do STF e TSE Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, repetindo outra mentira, ao dizer que Fachin foi responsável pela libertação do ex-presidente (a decisão foi do plenário do STF) e que Barroso (nomeado por Dilma Rousseff) foi nomeado para o cargo por ter atuado no processo de extradição de Cesare Battisti.

Outra informação falsa passada por Bolsonaro aos embaixadores foi a de que somente dois países no mundo usavam urnas eletrônicas. Conforme já esclareceu o TSE, já em 2015, 23 países usavam urnas eletrônicas para eleições gerais e outros 18, em pleitos regionais.

Ao fim do discurso, Bolsonaro exibiu aos embaixadores um vídeo no qual aparece cercado por apoiadores. "Isso acontece no Brasil todo, como eu já disse, o povo gosta da gente. Não pago um centavo para ninguém participar de absolutamente nada", disse, sem ter nada a ver o vídeo com o tema do discurso preparado para enganar os convidados.

Fachin: um "basta à desinformação"

O ministro Edson Fachin rebateu as acusações feitas por Bolsonaro e chamou de "encenação" o evento promovido para diplomatas estrangeiros no Palácio da Alvorada com transmissão nacional ao vivo. Sem citar o nome de Bolsonaro, ao abrir um evento virtual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Fachin disse que é preciso dar um "basta à desinformação e ao populismo autoritário".

Segundo o ministro, “há um inaceitável negacionismo eleitoral por parte de uma personalidade importante dentro de um país democrático, e é muito grave a acusação de fraude a uma instituição, mais uma vez, sem apresentar provas”. Fachin disse ainda que a apresentação do presidente da República é uma tentativa de manipulação da opinião pública: "Tentar sequestrar a ação comunicativa e, ao assim fazê-lo, sequestrar a opinião pública e a estabilidade política".

O presidente do congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), também condenou as declarações de Bolsonaro a embaixadores.

"A segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida. Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos", escreveu, em redes sociais. E completou: "O Congresso Nacional, cuja composição foi eleita pelo atual e moderno sistema eleitoral, tem obrigação de afirmar à população que as urnas eletrônicas darão ao país o resultado fiel da vontade do povo, seja qual for."

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