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Bolsonaro se filia ao partido dos escândalos de corrupção


(Foto: Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro finalmente se filiou a um partido nesta terça-feira (30) para disputar reeleição em 2022. O PL, seu nono partido desde que se elegeu vereador em 1988 pelo PDC, tem uma trajetória marcada por escândalos de corrupção e o principal nome da legenda, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, já foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro. Apesar de todos os problemas com a Justiça, Valdemar e o PL mantêm forte participação na partilha de cargos em diferentes setores do governo - desde o comando da Secretaria de Governo a cargos importantes no Ministério da Saúde, no Banco do Nordeste e no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), fundo com orçamento de R$ 54,4 bilhões só em 2021.

O que chamou atenção na solenidade de filiação foi a ausência de discursos contra a corrupção. Durante por pouco mais de 15 minutos, Bolsonaro não tocou no tema e disse estar se sentindo em casa.

“Estou me sentindo aqui em casa. Dentro do Congresso Nacional. Vocês me trazem lembranças agradáveis, de luta, de embate. Eu vim do meio de vocês, fiquei 28 anos dentro da Câmara dos Deputados, como poucos aqui atingiram esse tempo. E há uma semelhança muito grande entre nós”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro lembrou sua passagem pelo PP, partido que assumiu cargos no governo em troca de apoio no Congresso. “Eu vim do PP e confesso: a decisão não foi fácil”.

Recorrendo à sua metáfora preferida, Bolsonaro afirmou que se casou com o PL, mas não viverá como “homem e mulher” com Costa Neto.

“Uma filiação é como um casamento. Você agora… não seremos marido e mulher, seremos uma família e todos vocês fazem parte dessa família”.

Em seu discurso, Costa Neto também não tocou no tema corrupção e disse estar feliz por fazer parte de um “governo que nunca se intimidou”.

“Presidente Bolsonaro seja bem vindo ao 22, seja bem vindo ao partido liberal”, disse.

Corrupção

Em 2018, então em campanha para presidente, Bolsonaro criticou a imprensa por publicar a informação de que ele estaria se aproximando de "corruptos e condenados", em uma referência ao partido e a Valdemar da Costa Neto, apontado pela Lava Jato como suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobrás. Delatores da Odebrecht identificaram repasses de R$ 4,3 milhões, entre outubro de 2007 e fevereiro de 2008, sob o codinome "Polonês", usado para identificar a propina transferida a Valdemar. O inquérito sobre esse caso ainda tramita no Supremo Tribunal Federal.

Em 2019, a Procuradoria da República em Goiás denunciou Costa Neto e outras seis pessoas em outra acusação da Lava Jato. O grupo é acusado de agir em troca de propina para fraudar licitações destinadas à construção da Ferrovia Norte-Sul entre 2000 e 2011 e envolve executivos das empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia e UTC. Segundo a Procuradoria, parte da propina foi paga em espécie e parte dissimulada como doação oficial para as campanhas eleitorais do partido nos anos de 2010, 2012 e 2014, quando ainda era denominado PR (Partido da República).

No ano passado, a Justiça Federal aceitou a denúncia e transformou Costa Neto e os demais envolvidos em réus.

O PL é conhecido também por ser aliado de governo, seja lá qual for. O partido tem atualmente uma bancada de 43 deputados federais e 4 senadores. Compõe o chamado Centrão, a ala mais fisiológica no Congresso Nacional - do "toma lá, dá cá".

A filiação de Bolsonaro ao PL - ele ficou dois anos sem partido após sair do PSL em 2019 - amplia para o presidente a possibilidade de compor uma coligação com o PP e o Republicanos - outras duas legendas do Centrão -, o que lhe dará acesso a um maior tempo na TV e a um aumento de verba do fundo eleitoral em pelo menos R$ 376 milhões referente aos dois partidos. O valor é 30 vezes maior de que dispunham o PSL e o PRTB, partidos da aliança de 2018.

Em seu vaivém partidário pelo Centrão, durante 33 anos, Bolsonaro nunca foi líder de bancada. Foi apenas vice-líder do Partido Democrata Cristão (PDC), em seu primeiro ano de mandato na Câmara. Confira a seguir:

PDC (1989 - 1993)

PPR (1993 - 1995)

PPB (1995 - 2003)

PTB (2003 - 2005)

PFL, atual DEM (2005)

PP, ex PPB (2005 - 2016)

PSC (2016 - 2018)

PSL (2018 - 2019)

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