Bolsonaro se irrita com 'delações' de Weintraub
Atualizado: 19 de jan. de 2022
Uma vez aliados e até amigos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Abraham Weintraub se encontram em rota de colisão após reveladoras declarações concedidas por Weintraub na segunda-feira (17).
O ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro confirmou que o presidente tinha informações privilegiadas da Polícia Federal (PF) antes do segundo turno das eleições.
Segundo Weintraub, Bolsonaro soube antecipadamente que seu filho 01, Flávio Bolsonaro - na época deputado estadual, hoje senador - seria alvo da operação Furna da Onça, da PF. A operação era referente às investigações sobre desvio de dinheiro público no gabinete do então deputado, esquema conhecido como "rachadinhas", que seria operado pelo ex-assessor Fabrício Queiroz. Weintraub afirmou que Bolsonaro relatou isso a membros da equipe de transição do governo, em novembro de 2018. O caso só se tornaria público no mês seguinte.
A afirmação de Weintraub também corrobora as declarações feitas no ano seguinte pelo empresário Paulo Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro e suplente do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Segundo Marinho, Flávio foi informado da operação antes do segundo turno da eleição. Um delegado da PF teria vazado o caso a Flávio temendo que a operação pudesse inviabilizar a eleição de Bolsonaro. Marinho prestou depoimento à PF, e o caso está sob sigilo.
De acordo com o Globo, o presidente está irritado com o posicionamento do ex-ministro, e em conversa com atuais ministros, o comparou a outros antigos colegas de ministério que passaram a ser críticos do governo, como Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).
Weintraub voltou no fim de semana ao Brasil para tentar articular sua candidatura ao governo de São Paulo, mesmo com Bolsonaro defendendo publicamente o nome do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura, para o posto.
