Bolsonaro veta homenagem a Jango no Rio Grande do Sul
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Bolsonaro veta homenagem a Jango no Rio Grande do Sul


João Goulart, ex-presidente da República deposto pelo golpe militar em 31 de março de 1964 (Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro vetou nesta quinta-feira (14) o projeto de lei aprovado no Congresso que "denomina Rodovia Presidente João Goulart o trecho da rodovia BR-153 compreendido entre o Município de Cachoeira do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, e o Município de Marabá, no Estado do Pará". Em despacho divulgado no Diário Oficial da União (DOU), Bolsonaro ataca a memória do ex-presidente João Goulart e diz que “busca-se que personalidades da história do País possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”.

A declaração de Bolsonaro condiz com as fake news que o presidente e seus apoiadores pregam, tendo como foco o que consideram como “comunismo”, e se alinha à idealização do culto ao regime militar, que só eles negam como tendo sido uma ditadura.

Bolsonaro argumenta ainda que “entende-se que escolher homenagear apenas uma figura histórica poderia representar descompasso com os anseios e as expectativas da população de cada unidade federativa abrangida pela Rodovia”.

O projeto de lei é de 2012 e foi proposto pelo ex-senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Filho de Jango: 'um ganho na biografia'

O filósofo e escritor João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, não demonstrou surpresa com a atitude de Bolsonaro. Ele afirmou que Bolsonaro vetar o nome do pai “é mais um ganho na biografia gigante do Jango. Dentro da nossa história brasileira, Jango foi um vulto enorme e está sendo a cada dia mais revisto, não só pela Academia, mas por muitos partidos que hoje estão colocando como prioridade para a nação o nacional-desenvolvimentismo, que, sem dúvida alguma, incorpora muitas reformas de base de Jango”, disse em entrevista à revista Fórum.

Golpe em nome do poder econômico

João Goulart, o Jango, nascido no Rio Grande do Sul, foi deposto por um golpe militar após tentar aprovar um conjunto de reformas, as chamadas Reformas de Base, para diminuir as desigualdades sociais, fortalecer uma economia nacionalista e melhorar as condições de vida da população brasileira. Sob essa denominação estavam as reformas agrária, bancária, fiscal, urbana, administrativa e universitária, incluindo o voto dos analfabetos e o plebiscito para a reforma da Constituição.

Mas mesmo uma Reforma de Base de caráter nacionalista incomodava os setores conservadores e uma grande parte da cúpula das Forças Armadas, já que as reformas buscavam alterar estruturas seculares de dominação existentes no país.

Manter o monopólio da Petrobras e limitar a remessa de lucros ao exterior (na época ainda não havia as offshores) eram medidas nacionalistas rejeitadas (até hoje) pelos conservadores com grande apoio de empresas multinacionais norte-americanas e do próprio governo dos Estados Unidores, como ficou comprovado nos documentos vazados pelo WikiLeaks a partir de 2006.

Em função dos interesses desses grupos em manter seu poder econômico, a reforma não foi aprovada pelo Congresso. A saída do ex-presidente foi ir às ruas para angariar um maior apoio popular. Em 13 de março de 1964 durante o célebre comício da Central do Brasil, que reuniu cerca de 150 mil pessoas, Jango defendeu as reformas há muito ansiadas pela população.

A reação conservadora foi rápida. Uma Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi organizada contra João Goulart. Dezoito dias depois do comício da Central, em 31 de março, um golpe militar foi deflagrado, sucedendo-se cassações, perseguições e torturas a opositores do "regime".

Ao contrário do que os conservadores e golpistas afirmam até hoje, o objetivo de Jango era tornar o Estado um mediador entre a burguesia (o capital) e o movimento de trabalhadores com o governo e os setores nacionalistas das Forças Armadas para estabelecer as Reformas de Base. E, ao contrário das provas em abundância contra os golpistas, nunca provou-se que havia pretensões de se instaurar um regime socialista no Brasil.

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