Brasil leva 4 ouros e se aproxima de campanha histórica
O nono dia de competições dos Jogos Paralímpicos de Tóquio foi recheado de medalhas de ouro para o Brasil. Talisson Glock e Gabriel Geraldo subiram ao lugar mais alto do pódio na natação ao vencerem os 400m livre (classe S6) e os 50m costas (classe S2), respectivamente. No atletismo, Alessandro Silva conquistou o bicampeonato no lançamento de disco (F11). Por fim, Nathan Torquato foi o primeiro campeão da história do parataekwondo na classe K44 para atletas até 61kg.
Já são 19 medalhas de ouro brasileira na capital japonesa. Agora, só faltam duas para o país igualar a melhor marca de medalhas douradas em uma única edição. O recorde de 21 ouros foi alcançado em Londres 2012. Em Tóquio, o Brasil também já alcançou a histórica marca de 100 medalhas de ouro na história dos Jogos Paralímpicos, após a vitória do fundista Yeltsin Jacques na prova dos 1.500m, na terça-feira, 31.
As outras medalhas do dia vieram Marivana Oliveira, no arremesso de peso (classe F35) com a prata e Mateus Evangelista, no salto em distância (classe T37), com o bronze.
O Brasil soma agora 54 medalhas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio: além das 19 de ouro, são 13 de prata e 22 de bronze. Está na sexta colocação no quadro de medalhas geral. A China lidera com 77 ouros e 167 medalhas, com a Grã-Bretanha em seguida, com 96 medalhas, sendo 34 de ouro, e o Comitê Paralímpico Russo em terceiro lugar, com 32 medalhas de ouro e um total de 97 medalhas.
Natação
No penúltimo dia da natação nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, o Brasil conquistou mais duas medalhas de ouro na modalidade: o catarinense Talisson Glock venceu os 400m livre (classe S6 - atletas com comprometimento físico-motor), enquanto mineiro Gabriel Geraldo subiu ao lugar mais alto do pódio nos 50m costas (classe S2 - também para atletas com limitações físicas-motoras).
Na primeira prova da noite, Talisson fechou os 400m livre em 4min54s42, superando o italiano Antonio Fantin (4min55s70) e Viacheslav Lenskii, do Comitê Paralímpico Russo (5min04s84).
"Eu sabia que eu ia nadar bem. Não sabia o quanto, mas sabia que eu ia nadar bem. É muito bom nadar entre os melhores e com os melhores. Consegui aplicar tudo o que treinei. Estou muito feliz. No futuro, acho que posso nadar para o recorde mundial nesta prova. Eu me vejo fazendo isso. É o meu objetivo, com certeza. Estou muito mais maduro e vou sair de Tóquio realizado", afirmou o catarinense, que perdeu a perna e o braço esquerdos após ser atropelado por um trem aos 9 anos.
O mineiro Gabriel Geraldo, de 19 anos, conquistou sua segunda medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Após vencer os 200m livre (classe S2), o atleta também subiu ao lugar mais alto do pódio nos 50m costas com o tempo de 53s96, na manhã desta quinta-feira, 2, no Centro Aquático de Tóquio.
Gabriel Geraldo também já havia conquistado uma prata nos 100m costas, sendo o primeiro medalhista brasileiro nesta edição dos Jogos.
"As três medalhas têm um espaço especial no meu coração. Os 50m costas é uma prova rápida. A gente tem que aproveitar as vantagens e não podemos errar. Porque qualquer erro pode custar caro. Fico feliz por também poder mostrar minha alegria. Sempre estou sorrindo e dançando. É uma felicidade poder inspirar as crianças, com deficiência ou sem", disse Gabriel.
Com as duas medalhas de ouro desta quinta-feira, o país agora soma 22 medalhas na modalidade nesta edição dos Jogos: oito de ouro, cinco de prata e nove de bronze.
Atletismo
O paulista Alessandro Silva, 37, conquistou a medalha de ouro no lançamento de disco F11 (para cegos), no Estádio Olímpico de Tóquio. O lançador de Santo André ficou com o primeiro lugar no pódio após quebrar o seu próprio recorde paralímpico com a marca de 43,16m – a marca anterior era de 43,06m. A prata ficou para o iraniano Mahdi Olad e o bronze para o italiano Oney Tapia.
Esta é a segunda medalha do brasileiro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 – já havia conquistado a prata no arremesso de peso F11.
Alessandro era o favorito da prova, já que havia conquistado a medalha de ouro em todas as principais competições do último ciclo paralímpico. Foi campeão no lançamento de disco nos dois Mundiais da modalidade (Londres 2017 e Dubai 2019), no Parapan de Toronto 2015 e de Lima 2019, além do ouro nos Jogos do Rio 2016.
"Pressão e chuva! Tudo isso deu mais emoção para esta conquista. O Ayrton Senna ganhava na chuva e tem muito brasileiro que trabalha todo dia na chuva. A gente tem que se espelhar nessas pessoas", disse o medalhista.
Antes, a alagoana Marivana Oliveira faturou a medalha de prata no arremesso de peso (classe F35 – para atletas com paralisia cerebral). A atleta arremessou a 9,15m e fez a sua melhor marca na temporada. O ouro ficou com a ucraniana Mariia Pomazan (12,24m) e o bronze com a tcheca Anna Luxova (8,60m).
“Esperei cinco anos por esse dia. E a medalha veio logo no meu primeiro arremesso. Quero agradecer pela torcida de todos, meus treinadores. Agora vou voltar para Alagoas com a prata”, brincou Marivana. “Seguir trabalhando, com humildade sempre e seguir em busca de coisas maiores”, completou, emocionada, a atleta.
Depois foi a vez do rondoniense Mateus Evangelista conquistar o bronze no salto em distância (classe T37 – também para atletas com paralisia cerebral). Com a sua melhor marca no ano, o brasileiro ficou em terceiro lugar na prova ao saltar 6,05m, sendo superado pelo ucraniano Vladyslav Zahrebelnyi, ouro com um salto de 6,59m, e pelo argentino Lionel Brian Impellizzeri, medalhista de prata (6,44m).
“Preciso agradecer a todo mundo. Esse ciclo foi diferente, mais longo, com cinco anos, mas cheguei muito bem aqui. Subir ao pódio de uma paralimpíada é muito importante”, comentou Evangelista. “Fiz o que vinha trabalhando nos treinos e o resultado veio. Agora é voltar com esse bronze para o Brasil”, completou o atleta.
Parataekwondo
O Brasil conquistou a primeira medalha da história do parataekwondo em Jogos Paralímpicos. O paulista Nathan Torquato, da classe K44 até 61kg, subiu ao lugar mais alto do pódio, na manhã desta quinta-feira, 2, após chegar à final e vencer o egípcio Mohamed Elzayat, no Makuhari Messe Hall B.
A luta decisiva nem deveria ter acontecido. O egípcio sofreu uma lesão no rosto durante a semifinal e, por segurança, não voltaria para a final. Mas após uma longa indefinição, os atletas chegaram a subir na área de combate e, depois de um golpe do brasileiro, os médicos interromperam o duelo e confirmaram Nathan Torquato campeão.
“Essa medalha dourada é para o Brasil, para a minha família, para a minha equipe e para todos que torceram por mim. A estreia do parataekwondo em Jogos Paralímpicos começa com o ouro", comemorou Nathan Torquato. "Apesar de ser novo (20 anos) já tenho 17 anos de história nesse esporte. Já lutei no convencional, depois fiz a migração para o paradesporto e foi a melhor escolha que fiz na minha vida”, completou o atleta.
A campanha dourada de Nathan teve três outras vitórias. Na estreia, vitória tranquila sobre Parfait Hakizimana, do time de refugiados, por 27 a 4. Nas quartas ele atropelou o japonês Mitsuya Tanaka por 58 a 24. Na semifinal o triunfo foi sobre o italiano Antonino Bossolo por 37 a 34.
Futebol de 5
O Brasil confirmou a hegemonia no futebol de 5 e está classificado para mais uma final dos Jogos Paralímpicos da modalidade. Em um jogo equilibrado e debaixo de muita chuva, os brasileiros venceram Marrocos por 1 a 0, com um gol contra, na semifinal. Enfrentam na disputa pelo ouro a arquirrival Argentina, no sábado, 4, às 5h30 (horário de Brasília), na busca pelo quinto ouro paralímpico consecutivo. As equipes vão repetir a decisão da estreia do futebol de 5 nos Jogos, em Atenas. Em 2004, o Brasil levou a melhor por 3 a 2 nos pênaltis, após empate sem gols no tempo regulamentar.
A seleção brasileira chega para essa decisão com uma campanha impecável: quatro vitórias, 12 gols marcados e nenhum sofrido na fase de grupos.
Invicto e único vencedor das quatro edições de Jogos Paralímpicos disputadas desde que a modalidade foi inserida no programa do torneio, em Atenas 2004, o Brasil acumula marcas históricas. Com o triunfo sobre Marrocos, nesta quinta-feira, 2, a equipe dirigida por Fábio Vasconcelos acumula um total de 53 gols marcados. Até agora são 26 jogos, com um total de 20 vitórias, seis empates e apenas quatro gols sofridos.
Goalball
O Brasil fez mais uma partida impecável contra a Lituânia, atual campeã paralímpica, e está na final do goalball masculino. O time bateu os europeus por 9 a 5, nesta quinta-feira, 2, e retornou à decisão dos Jogos após nove anos. Os gols foram marcados por Parazinho (6), Leomon (2) e Romário. Essa foi a segunda vitória sobre os adversários na capital japonesa, a primeira foi logo na estreia, e uma goleada por 11 a 2.
A briga pelo ouro inédito será contra a China, nesta sexta-feira, 3, às 7h30 (horário de Brasília). Os asiáticos venceram duas partidas e perderam outras duas na fase de grupos e passaram pelo Japão nas quartas de final, além dos Estados Unidos por 8 a 1 na semifinal.
O resultado em Tóquio já iguala a melhor campanha do Brasil no goalball masculino, quando foi medalha de prata em Londres 2012. A seleção perdeu a decisão para a Finlândia por 8 a 1. Quatro anos mais tarde, nos Jogos Rio 2016, o time ficou com o bronze.
No feminino, o Brasil vencia os Estados Unidos por 2 a 0, mas sofreu o empate nos segundos finais da partida. O jogo seguiu igual nos dois tempos da prorrogação, mas as brasileiras acabaram derrotadas nos pênaltis (3 a 2) após 11 cobranças. Agora, as brasileiras continuam na briga por uma inédita medalha diante do Japão, na sexta-feira, 3, à 1h15 (horário de Brasília), na decisão pelo bronze.
Vôlei sentado
Na manhã desta quinta-feira (2), o Brasil acabou derrotado, de virada, para o Comitê Paralímpico Russo, por 3 sets a 1 (22/25, 25/21, 25/19 e 25/19), na semifinal do vôlei sentado masculino dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Mesmo com o resultado, os brasileiros seguem na briga pelo bronze e jogam neste sábado (4), às 2h (de Brasília). O adversário será a Bósnia.
Entre as mulheres, na última partida da fase classificatória, a Seleção Brasileira feminina de vôlei sentado venceu a Itália por 3 sets a 1 e garantiu a classificação para as semifinais como líder do Grupo A. A equipe está invicta na competição e encara os Estados Unidos, nesta sexta-feira, 3, às 6h30 (horário de Brasília), no Makuhari Messe Hall A.
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro
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