Canal de Itaipu começará a ser dragado
Por Osvaldo Maneschy
Em reunião no dia 17 de agosto com representantes das comunidades de Itaipu e Piratininga, com a presença de ambientalistas e de pescadores que vivem do trabalho nas águas que formam o conjunto lagunar da Regiâo Oceânica, o secretário de obras de Niterói, Vicente Temperini anunciou o início para breve das obras de dragagem e estabilização do canal de Itaipu, que tornará permanente a ligação da lagoa com o mar.
Originariamente as lagoas de Itaipu e Piratininga eram duas lagunas de arrebentação, ou seja, não tinham uma ligação direta com o oceano e eram invadidas ocasionalmente em extravasamentos das marés. A abertura, pelo DNOS, no final dos anos 40, do canal de Camboatá, nivelou as águas das duas lagoas, já que Piratininga era ligeiramente mais elevada que Itaipu. No entanto, uma dragagem do canal de Itaipu durante o governo de Moreira Franco na prefeitura de Niterói, no fianl dos anos 70, provocou o esvaziamento das duas lagoas, que perderam cerca de 50% do seu espelho d'água para atender interesses imobiliários, o que trouxe graves consequências ambientais para o sistema lagunar.
Temperini explicou que os preparativos para o inicio das obras para a recomposição dos molhes de pedra e dragagem do canal, que integram o projeto do Parque Orla de Piratininga, estão em sendo feitos há dois meses e assim que o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) conceder a licença ambiental, a obra começa de fato.
O canteiro para a execução da obra, já autorizado, está sendo montado; as pedras que irão recompor os molhes (lado de Camboinhas e lado de Itaipu, que não serão alterados em extensão e largura) estão sendo estocadas em duas pedreiras; e que estudo de batimetria sobre a profundidade do canal fixou a medida em torno de pouco mais de um metro, mais a maré.
Segundo ele, foi incluído no projeto dois postos de observação, um de cada lado, para o Corpo de Bombeiros. O projeto básico da obra prevê, ainda, a construção de dois deques sobre as pedras para passeio e observação. Atendendo a sugestão dos pescadores, o engenheiro disse também que deve ser incluído no projeto executivo da dragagem do canal – que começará de dentro da lagoa em direção ao mar –, do lado de Itaipu, uma rampa de madeira para retirada e guarda dos barcos.
Questionado pela plateia como será o regime de águas entre as lagoas de Piratininga e Itaipu, por conta da ligação permanente de Itaipu com o mar, Temperini disse que foi contratratada uma empresa para realizar esse estudo, que já está disponível no site do projeto, ma também depende, ainda, de aprovação pelo INEA.
Perguntado sobre a possibilidade de se abrir outra ligação com o mar para renovação das águas de Piratininga, explicou que o que existe hoje é um projeto pronto para recuperar o túnel do Tibáu, já orçado e pronto para ser licitado, fruto de entendimento da prefeitura com o Estado, já que o túnel é de responsabilidade estadual. Informou também que o desassoreamento do canal de Camboatá ficou a cargo do Estado. Mas “já estamos com uma proposta para inserir na LOA do ano que vem recursos para que, se o Estado não fizer a obra no Camboatá, o município a faça”, acrescentou.
Perguntado se haverá nova dragagem do fundo da lagoa, já que a obra de desassoreamento e aprofundamento do canal é restrita ao lado da praia de Itaipu, onde existe a Duna Grande tombada pelo IPHAN, Temperini disse que o assunto ainda está sendo estudado.
“Não posso garantir qual vai ser o entendimento técnico para eliminar esse lodo de lá”, explicou.
Sobre a manutenção ou não do manguezal existente fundo da lagoa de Itaipu, Temperini citou, de novo, o estudo sobre o equilíbrio dos espelhos d’agua de Piratininga e Itaipu. “A gente tem o estudo e vai discutir para ver qual é a melhor solução. O martelo não foi batido ainda, isso vai ser feito junto com o INEA”. Também em resposta a pergunta da plateia, explicou que todas as pedras do molhe atual serão aproveitadas nos novos molhes, inclusive as que foram enterradas pelo mar, na areia do canal.
Comments