Carlos Bolsonaro: ex-servidora é peça-chave em esquema de 'rachadinha'
- Da Redação
- 6 de mai. de 2023
- 2 min de leitura

Considerada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como uma das peças-chaves no esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), a ex-servidora Juciara da Conceição Raimundo da Cunha é a segunda ex-funcionária que mais fez transferências para o esquema de desvio de recursos públicos. Juciara é ex-moradora de uma comunidade pobre em Cordovil, Zona Norte do Rio, e só não fez mais transferências do que a esposa do chefe de gabinete de Carlos, o militar Jorge Luiz Fernandes, Regina Célia Sobral Fernandes, que enviou R$ 814 mil em 304 lançamentos. Juciara repassou R$ 647 mil em 219 transferências para o chefe de gabinete, além de 28 repasses para a própria Regina, totalizando R$ 40 mil. As informações são do Globo.
Juciara foi lotada por 11 anos e cinco meses na Câmara do Rio, entre agosto de 2007 e janeiro de 2019. Os saques ocorreram entre 2009 e 2018.
Ao longo dos anos em que trabalhou com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com salário de R$ 10 mil mensais, Juciara participou de um esquema de repasse sistemático de dinheiro.
Apesar do bom salário oficial e da alta movimentação em sua conta, a ex-servidora vivia até 2021, segundo vizinhos, em uma casa de tijolo aparente que divide espaço com uma oficina mecânica em Cordovil. Ela também acumula dívidas de R$ 15,4 mil. Atualmente, supostamente, ela estaria ganhando a vida vendendo quentinhas.
Hoje, Juciara aparece como proprietária de uma empresa de fornecimento de quentinhas: a Jucilegal. O comércio, porém, está registrado no mesmo endereço da residência do chefe de gabinete, também conhecido como Jorge Sapão, e Regina Célia, em um condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Os valores movimentados no gabinete de Carlos, também conhecido como Carluxo e Zero Dois, foram levantados pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MP-RJ, a pedido da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada.
As investigações já comprovaram até agora que a conta bancária do vereador recebeu R$ 129,5 mil em depósitos em espécie, sendo a maior parte, R$ 91 mil, sem origem identificada.
Os depósitos em espécie guardam semelhanças e diferenças sobre fatos que levaram à denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sob acusação de comandar um esquema de "rachadinha" quando era deputado estadual. O caso por enquanto está parado na Justiça em razão da anulação de provas relacionadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), da Receita Federal.
Jorge Fernandes é apontado nas investigações como "operador" das rachadinhas de Carlos e cuja conta bancária recebeu R$ 2 milhões de seis funcionários nomeados pelo vereador.
A investigação, ainda em curso, busca provar que grande parte de todo esse dinheiro foi repassado de alguma forma para Carlos, seja em espécie, seja por meio de pagamentos de contas pessoais - algumas delas já comprovadas.
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