Castro diz que operação com mais de 120 mortos 'foi um sucesso'
- Da Redação
- há 3 horas
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O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), disse nesta quarta-feira (29) que a Operação Contenção foi um sucesso e que as únicas vítimas dos confrontos foram os policiais mortos.
"Temos muita tranquilidade de defender o que foi feito ontem. Queria me solidarizar com as famílias dos quatro guerreiros que deram a vida para libertar a população. Eles foram as verdadeiras quatro vítimas. De vítima ontem, só tivemos os policiais", disse Castro em entrevista no Palácio Guanabara, sede do Executivo estadual.
"Quais são os indícios que levam a crer que todos eram criminosos? O conflito não foi em área edificada. Foi todo na mata. Não creio que tivesse alguém passeando na mata num dia de conflito. Por isso a gente pode tranquilamente classificar de criminosos", acrescentou o governador.
Cláudio Castro disse ainda que o número oficial de mortos na operação das polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão nessa terça-feira (28) é de 58 mortos, incluindo os dois policiais civis e os dois policiais militares. Ele não explicou o motivo da mudança da contagem oficial, mas disse que o dado oficial vai mudar "com certeza".
Na terça-feira, o governo contabilizou 64 pessoas mortas, inclusive os quatro agentes das forças de segurança. O governador também não quis comentar sobre os cerca de 60 corpos retirados da área de mata pelos moradores do Complexo da Penha após a operação mais letal da história do estado.
Moradores do Rio de Janeiro viveram momentos de medo nessa terça-feira (28) diante da operação policial. Milhares de pessoas enfrentaram dificuldades para conseguir chegar em casa devido aos bloqueios das vias da cidade, além de terem de fugir dos tiroteios.
Críticas de especialistas e da ONU
Especialistas criticaram a ação que gerou grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado.
A professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jacqueline Muniz, que já foi diretora da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, classificou a operação como “lambança operacional a serviço da lógica eleitoreira”.
A especialista argumenta que o sucesso de uma operação é medido pela ausência de mortes, e não pelo número de apreensões. “Uma operação bem-sucedida é aquela que tem baixa zero, não tem letalidade.”
“Há 40 anos o Comando Vermelho apanha em operações e continua crescendo. Isso mostra que tem algo errado. O crime se fortalece e o Estado se enfraquece com a própria encenação”, avalia a professora.
Movimentos populares e de favelas também condenaram as ações policiais e afirmaram que "segurança não se faz com sangue".
A Organização das Nações Unidas (ONU), em nota divulgada em rede social, criticou a letalidade das ações policiais "nas comunidades marginalizadas do Brasil" e cobrou das autoridades brasileiras "investigações rápidas e eficazes". "Relembramos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos e instamos a realização de investigações rápidas e eficazes”.






