Chanceler russo é recebido por Mauro Vieira no Itamaraty
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chegou ao Itamaraty na manhã desta segunda-feira (17), para a primeira reunião bilateral de uma agenda extensa com membros do governo federal.
Esta é a primeira vez que um representante do primeiro escalão do governo russo vem ao Brasil, após o início da operação militar especial na Ucrânia, em fevereiro de 2022. A expectativa é que, além de questões comerciais entre os países, o chanceler ouça a perspectiva brasileira sobre uma saída pacífica do conflito que tem sido abordada por Lula nos últimos dias.
Além dos laços históricos de amizade e cooperação entre Brasil e Rússia, os países mantêm expressivo relacionamento comercial. A Rússia é a principal fornecedora de fertilizantes para o Brasil. Em 2022, o comércio bilateral atingiu o recorde histórico de US$ 9,8 bilhões (R$ 48,5 bilhões).
Convite para Lula visitar a Rússia
Durante o encontro entre os chanceleres dos dois países, Sergei Lavrov transmitiu um convite do presidente russo Vladimir Putin para o presidente Lula visitar a Rússia, segundo informou o Itamaraty.
"O sr. Lavrov entregou igualmente ao presidente Putin o convite do presidente Lula para organizar uma visita oficial à Rússia. Também trabalharemos para identificar datas convenientes para ambos os lados", disse o chanceler Mauro Vieira em um briefing após conversas com Lavrov.
Situação na Ucrânia
Os dois ministros das Relações Exteriores também discutiram a situação na Ucrânia, revelou Mauro Vieira.
"Com relação à situação internacional, abordamos o conflito, os últimos desenvolvimentos na Ucrânia. Também reiterei que estamos prontos a nos engajar em uma solução pacífica para este conflito, lembrando as declarações do presidente Lula para que criássemos um grupo amigável às conversações entre a Rússia e a Ucrânia", disse.
"Afirmo também nossa posição sobre um cessar-fogo o mais rápido possível, sobre o respeito ao direito humanitário e também sobre o estabelecimento de uma paz a longo prazo, que é importante para nós", acrescentou o ministro.
Quanto a Lavrov, ele garantiu que a Rússia está interessada em resolver o conflito ucraniano o mais depressa que pode, e que Moscou já explicou seus objetivos inúmeras vezes.
O ministro russo acrescentou que ele e seu homólogo brasileiro falaram nesta segunda-feira "sobre o contexto que é preciso ter em conta a fim de resolver tais problemas não numa base momentânea, mas com base em acordos de longo prazo, que devem ser baseados principalmente no multilateralismo e na consideração dos interesses de segurança de todos os Estados sem exceção".
Cooperação nuclear
Sergei Lavrov ainda sublinhou o potencial de cooperação que ambos os países têm na área nuclear.
"Hoje falamos sobre as áreas que precisam ser desenvolvidas no interesse de nossos países e de nossos cidadãos. Esta é, naturalmente, a área da energia, esta é uma área de energia, como o uso pacífico da energia nuclear. Há aqui uma cooperação muito boa e boas perspectivas", disse Lavrov.
Para ele, ambas as partes estão também interessadas no desenvolvimento do uso pacífico em áreas como o espaço, a agricultura, saúde e a indústria farmacêutica. Tanto Brasília como Moscou estão agora trabalhando em reforçar os mecanismos de cooperação, apontou.
Mauro Vieira destacou igualmente o efeito das sanções antirrussas a nível mundial.
"Somos contra a imposição unilateral de sanções, e estas condições não só não têm aprovação no Conselho de Segurança da ONU, mas também têm um impacto negativo em muitas economias do mundo, principalmente nos países em desenvolvimento, que ainda não se recuperaram da pandemia."
Com a Sputnik Brasil
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