China rompe contrato com Belcher do Brasil, alvo da CPI

Após denúncias relacionadas à aquisição da vacina Convidecia, da China, o laboratório chinês CanSino Biologics rescindiu, de forma unilateral, o contrato com a Belcher Farmacêutica do Brasil, com sede em Maringá, no Paraná, para a oferta do imunizante de dose única contra a covid-19. A empresa brasileira funcionava como intermediária entre a CanSino e o Ministério da Saúde. Os chineses teriam alegado razões de "compliance" - termo que define um sistema de gestão empresarial, responsável por garantir que uma empresa esteja de acordo com as leis, diretrizes e políticas externas e internas.
O fim da parceria ocorre após o governo brasileiro ter assinado uma carta de intenção de compra de 60 milhões de doses da vacina Convidecia, ao preço de US$ 17 (R$ 84) por dose, valor mais alto negociado pelo governo para um imunizante contra o covid. O valor total ficava em torno de R$ 5 bilhões.
A Belcher Farmacêutica já era alvo da Polícia Federal na Operação Falso Negativo, investigação que apura desvios de verbas na compra de testes para detecção de covid-19 pelo governo do Distrito Federal.
No domingo, a CPI da Covid, no Senado, informou que vai investigar a negociação feita pelo Ministério da Saúde para a aquisição de doses da vacina da CanSino por intermédio da Belcher.
A comissão parlamentar de inquérito quer informações sobre a ligação da empresa brasileira com o líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). Um dos sócios da Belcher Farmacêutica é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, que foi presidente da empresa de urbanização de Maringá, Paraná, durante a gestão de Ricardo Barros como prefeito da cidade.
Ricardo Barros foi acusado pelos irmãos Miranda de ter sido citado por Bolsonaro como o dono do esquema de compra da vacina Covaxin que está sendo investigado pela CPI.