Cientistas comprovam reinfecção de Covid-19
Pela primeira vez os cientistas comprovam a reinfecção pelo Sars-CoV-2, ao demonstrar, a partir de sequenciamento genético, que duas contaminações em um intervalo de 4 meses foram causadas por diferentes linhagens do vírus. Pesquisadores da Universidade de Hong Kong analisaram o caso de um homem de 33 anos que teve duas infecções em um intervalo de 4 meses.

Os resultados foram divulgados à imprensa nesta segunda-feira (24/8). O artigo com o relato detalhado do caso será publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases. Os cientistas ressaltam que os dados precisam ser avaliados com cautela, já que se trata de um único caso desse tipo estudado.
A primeira infecção do paciente ocorreu em março, foi sintomática. Ele apresentou febre, tosse e dor de cabeça por três dias. Permaneceu internado do dia 29 de março a 14 de abril, depois que os sintomas haviam desaparecidos e dois testes do tipo PCR, que detecta o material genético do vírus no corpo, tiveram resultado negativo.
A segunda foi detectada no aeroporto de Hong Kong em 15 de agosto, quando o homem retornava da Espanha, com passagem pelo Reino Unido. O paciente foi internado, mas permaneceu assintomático durante todo o período.
Os cientistas encontraram diferenças em 23 nucleotídeos (elementos que compõem o material genético dos vírus), além de outros fatores que indicam que as infecções foram geradas por cepas diferentes do vírus.
O artigo destaca que o genoma dos vírus da primeira infecção eram semelhantes a amostras colhidas entre a população nos meses de março e abril deste ano. Já os agentes responsáveis pela segunda ocorrência da doença eram parecidos com as amostras coletadas entre julho e agosto.
"Análises epidemiológicas, clínicas sorológicas e genômicas confirmaram que o paciente teve uma reinfecção em vez de uma eliminação persistente do vírus que causou a primeira infecção", escrevem os pesquisadores no artigo.
"Nossos resultados sugerem que o Sars-CoV-2 pode continuar a circular entre os humanos apesar de uma imunidade coletiva baseada em infecções. Estudos mais aprofundados de pacientes com reinfecção vão colaborar para um melhor desenho de uma vacina", conluem os cientistas.
Alguns casos de suspeita de reinfecção pelo Sars-CoV-2 já foram relatados. Nenhum deles teve comprovação tão bem documentada como o da Universidade de Hong Kong. Um dos motivos que gera dúvidas é que o paciente pode continuar eliminando o vírus do organismo meses após o fim da fase aguda da doença, fazendo com que os testes continuem detectando a presença do patógeno.