Cientistas da Fiocruz identificam novo coronavírus em esgoto de Niterói
O vírus Sars-CoV-2 foi detectado no esgoto de Niterói, depois da coleta de material feita por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a pedido da prefeitura. Ao tomar conhecimento de um estudo feito por pesquisadores holandeses e publicado em março na revista Lancet, sobre o monitoramento do esgoto para controle da pandemia, a Prefeitura de Niterói procurou a Fiocruz e sugeriu a análise. As amostras de esgoto bruto foram coletadas em 12 pontos da cidade, incluindo Icaraí — onde ocorreu o primeiro caso notificado de Covid-19 —, além de sete comunidades. De acordo com as pesquisadoras Marize Pereira Miagostovich, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz, uma das autoras da pesquisa, o vírus é excretado nas fezes dos contaminados pela doença. Mas isso não significa que a doença possa ser transmitida pelo esgoto. Segundo ela, é pouco provável que isso ocorra, já que o vírus é sensível a certas condições ambientais e não seria capaz de se replicar nesse meio a ponto de transmitir a infecção. A análise é usada como instrumento para monitorar o nível de contaminação da população. O fato de ter sido encontrado no esgoto da cidade é um sinal de que existe um grau expressivo de infecção entre os habitantes. A medição ajuda a identificar bairros e comunidades em que há aumento de casos, subnotificações e mesmo casos não registrados, conforme explica a engenheira sanitarista Camille Mannarino, da ENSP/Fiocruz. O estudo em Niterói só foi possível porque a cidade é uma das poucas no Brasil que possui saneamento básico e trata mais de 90% dos efluentes. Em outros municípios como o Rio de Janeiro, a rede de esgoto deficiente interfere na precisão dos testes. Seria possível verificar a presença do coronavírus, mas não se saberia de onde veio o esgoto contaminado.
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