Cloroquina aumenta o risco de morte, diz maior estudo científico já feito
Enquanto o Brasil investe enormes recursos públicos em laboratórios das Forças Armadas, por ordem do presidente Jair Bolsonaro, para a produção em larga escala de cloroquina, saiu nesta sexta-feira (22) o resultado da maior e mais importante pesquisa científica sobre o uso de cloroquina já feita no mundo. A pesquisa, publicada na revista “The Lancet” com 96 mil pacientes aponta que a hidroxicloroquina e a cloroquina não apresentam benefícios no tratamento da Covid-19. Os resultados mostram que não há melhora na recuperação dos infectados, mas existe um risco maior de morte em 34%. Quando associada a antibióticos, piora em 45% o risco de morte. A cloroquina também aumentou em 137% o risco de arritmias sérias durante hospitalização.
A Lancet é uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo. O método usado não foi a simples comparação entre grupos que tomaram e não tomaram, mas uma análise completa do histórico de cada paciente, considerado o melhor padrão para testes desse tipo.
O estudo observou 96.032 pacientes internados em 671 hospitais de seis continentes. A idade média dos pacientes, internados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020, é de 53,8 anos.
"Este é o primeiro estudo em larga escala a encontrar evidências robustas estatisticamente de que o tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina não traz benefícios a pacientes com COVID-19", disse o líder da pesquisa, Mandeep Mehra, citado pelo G1.
Os autores do estudo mostraram que o uso de cloroquina, incluindo em combinações com outros medicamentos aprovados, gera um risco maior de morte hospitalar.
Na última quarta-feira (20), o Ministério da Saúde brasileiro divulgou uma nova diretriz, que teria sido adotada sob interferência do presidente Bolsonaro, que autoriza o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS) em pacientes com sintomas leves de coronavírus.
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