CNBB pede apuração da corrupção no governo Bolsonaro

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota nesta sexta-feira (9) sobre o "atual momento brasileiro" cobrando apuração “irrestrita e imparcial” de todas as denúncias de prevaricação e corrupção cometidas pelo poder público na pandemia "com consequências para quem quer que seja". Embora sem citar diretamente a CPI da Covid, a nota defende as posições tomadas até agora pelos trabalhos da comissão, no Senado, e diz que "a CNBB levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a restauração da justiça, fazendo valer a verdade".
Em um trecho, a entidade menciona que a “trágica perda de mais de meio milhão de vidas” foi “agravada pelas denúncias de prevaricação e corrupção”, numa referência indireta ao presidente Jair Bolsonaro. Inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga Bolsonaro por prevaricação, após ele não ter adotado providências cabíveis ante a denúncia levada ao seu conhecimento sobre irregularidades na aquisição de vacinas no governo.
O texto é assinado por todos os integrantes da cúpula da CNBB.
Confira a íntegra da nota:
"Nota da CNBB diante do atual momento brasileiro
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB levanta sua voz neste momento,
mais uma vez, para defender vidas ameaçadas, direitos desrespeitados e para apoiar a
restauração da justiça, fazendo valer a verdade. A sociedade democrática brasileira está
atravessando um dos períodos mais desafiadores da sua história. A gravidade deste momento
exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos.
A trágica perda de mais de meio milhão de vidas está agravada pelas denúncias de
prevaricação e corrupção no enfrentamento da pandemia da COVID-19. “Ao abdicarem da ética
e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um
cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque.” 1 Apoiamos e conclamamos às
instituições da República para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem
procedimentos em favor da apuração, irrestrita e imparcial, de todas as denúncias, com
consequências para quem quer que seja, em vista de imediata correção política e social dos
descompassos.
Brasília, 9 de julho de 2021
D. Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente
D. Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente
D. Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente
D. Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral"