Comércio de Petrópolis tem perdas de R$78 milhões
O comércio no Centro de Petrópolis e na Rua Teresa, onde se concentra o segmento de vestuário, foi duramente afetado pelas chuvas e os lojistas dizem que será difícil reerguer os estabelecimentos depois das perdas. Alguns admitem falência. Segundo um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), o temporal provocou um prejuízo estimado de mais de R$ 78 milhões ao comércio de bens, serviços e turismo da cidade. A pesquisa ouviu 245 comerciantes locais. 45,3% dos entrevistados tiveram o negócio afetado pelas chuvas de terça-feira.

Guilherme Ivo, dono de um minimercado na região central de Petrópolis há 15 anos, disse que a água invadiu tudo rapidamente e chegou a 1,5 metro de altura. Foi praticamente perda total.
“Já passei por cinco enchentes desde que estou aqui. Essa foi a pior. Nas outras vezes, o máximo que a água chegou foi a meio metro de altura”, disse ele.
No mesmo ponto há 20 anos, o comerciante Amauri Madeira teve todo o seu estoque de livros encharcado por três metros de água e lama durante 48 horas. Dono da livraria Nobel, na Rua 16 de Março, no centro de Petrópolis, ele diz nunca ter perdido nenhum produto para as enchentes. Dessa vez, 15 mil exemplares acabaram destruídos. No depósito, no subsolo do estabelecimento, nada sobrou.
“Os livros de lá ficaram com esgoto, com excrementos, não é seguro mantermos. Recuperamos o que estava no andar de cima, o que foi possível. Em 15 minutos, o depósito acabou completamente submerso. Mas não estou contando o prejuízo agora, não consigo. Acho que o prejuízo mesmo são as vidas perdidas. Isso aqui é material, coisas materiais não são importantes nessas horas”.
Assim como os demais habitantes da cidade, ele está em luto pelas mortes provocadas pela tragédia, mas diz que, aos poucos, reerguerá a livraria, pois os livros, defende, são "importantes para a sociedade, na formação das crianças”.
“Eu não estava aqui na hora, mas meu filho me ligou desesperado: ‘Pai, perdemos tudo’. Só conseguia pensar nos meus funcionários e se todos estavam bem. Eu vivi as enchentes de 1988 e 2011. Fiquei muito preocupado com todos. Então, falei para ele ficar calmo, porque iríamos resolver a livraria depois”, relata Amauri, acrescentando que “sem leitor, os livros não são nada”.
Nas redes sociais, o livreiro publicou um vídeo: