Conselho de Ética aprova pedido de cassação de Jairinho

O Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decidiu nesta segunda-feira, por unanimidade, pela abertura de processo de cassação do mandato do Dr. Jairinho (sem partido), preso pelo assassinato de seu enteado, o menino Henry Borel, de 4 anos.
Os membros do conselho tiveram acesso aos autos do inquérito policial da 16ª DP (Barra da Tijuca) por 48 horas e avaliaram que houve quebra do decoro para que o parlamentar seja julgado pelo plenário da Casa. O vereador está preso temporariamente no presídio de Bangu 8 e, a partir do trigésimo dia de prisão, ficará formalmente afastado do cargo, de acordo com o regimento interno da Câmara. Os salários do vereador estão suspensos desde o dia 8.
Agora, a representação segue para a Mesa Diretora, que analisa os aspectos formais da denúncia e a encaminha, em até três dias, à Comissão de Justiça e Redação, que vota pelo recebimento ou não da representação. Se recebida, a denúncia volta ao Conselho de ética para a fase de instrução. A votação final sobre perda de mandato é feita em plenário, com voto aberto de pelo menos dois terços dos vereadores.
Presidente do Conselho, o vereador Alexandre Isquierdo (DEM) destacou que o trecho do inquérito recebido pelo grupo, ainda não concluído pela polícia, já permite que seja formulada a denúncia por quebra de decoro parlamentar.
"Estamos nos baseando na perícia, nas testemunhas, na própria atitude do vereador em tentar burlar algumas testemunhas, tudo isso baseado nos autos. Isso já é suficiente para iniciarmos o processo de cassação", afirmou o parlamentar, que estima em cerca de 70 dias o prazo para que ocorra a votação sobre a cassação de Jairinho em plenário.
Em carta, mãe de Henry muda versão
Monique Medeiros Costa e Silva, mãe do menino Henry Borel, mudou sua versão sobre o que ocorreu no dia da morte do filho, na madrugada de 8 de março, e sobre a sua relação com o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho.
Ao contrário do depoimento oficial, em que ela descreveu uma vida "em harmonia" do casal com o filho, agora, em carta enviada aos seus advogados, escrita no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, onde se recupera de infecção de coronavírus, Monique descreve o seu relacionamento com Jairinho eivado de agressões contra ela e o filho.
A defesa de Monique protocolou nesta segunda-feira na 16ª DP, responsável pelas investigações, a carta e reforçou a necessidade de seu novo interrogatório. “A nossa pretensão na verdade é que ela seja ouvida novamente. A carta não é um depoimento. Não serve para substituir o depoimento da Monique. É um pedido de socorro de alguém que quer ser ouvida pela justiça”, disse a advogada Thaise Mattar Assad, citada pela Agência Brasil.
Polícia Civil
De acordo com a Polícia Civil, os delegados Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), e o titular da 16ª Delegacia de Polícia, Henrique Damasceno, presidente do inquérito que apura a morte de Henry, só darão entrevistas após a conclusão do inquérito. “O caso está sob sigilo e só o dr. Antenor e o dr. Henrique estão falando sobre as investigações”, informou em resposta à Agência Brasil.