Corina Machado ameaça Maduro e países da região pela Globo
Atualizado: 7 de ago.
Luiz Augusto Erthal
A líder oposicionista Maria Corina Machado apareceu com exclusividade nesta segunda-feira (5/8) na tela do Sistema Globo de Televisão, anunciando “terríveis consequências” caso o presidente venezuelano Nicolás Maduro, reeleito para o período 2025-2031 no pleito de 28 de julho, não abandone a presidência da Venezuela, cedendo sua cadeira ao autoproclamado “presidente” Edmundo González, derrotado nas urnas pelos venezuelanos, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral daquele país.
Honrando a sua longa tradição golpista, a Globo, nascida há 58 anos com o DNA estadunidense, inoculado na criação de Roberto Marinho pelos dólares do grupo Time Life, mais uma vez assume o lado defendido pelos Estados Unidos. Foi assim ao abraçar, desde o seu nascimento, a ditadura militar de 1964; ao combater violentamente a luta de Leonel Brizola pela retomada do Trabalhismo e pela revolução através da educação, com os Cieps, duramente castigados no seu noticiário; ao promover um debate burlesco para consolidar a vitória de Collor contra Lula em 1989; ao apoiar o golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff em 2016; e, finalmente, ao abrir caminho para a chegada de Bolsonaro ao poder em 2018, levando Lula à cadeia, com a farsa da Lava Jato, transformada em telenovela diária transmitida meses a fio dentro do Jornal Nacional e de seus demais programas jornalísticos.
Agora, porém, a atração golpista da Globo atravessa a fronteira do país e também, mais uma vez, os limites de uma concessionária pública de televisão, que abre largos espaços da sua programação à campanha de descrédito das eleições democráticas da nação vizinha movida pela extrema direita venezuelana. Na sexta-feira (2/8), a Globo News já havia transmitido na íntegra o discurso de Corina Machado em manifestação promovida pela oposição em um bairro nobre de Caracas, em sua estratégia de negar a derrota e tentar reverter na marra o resultado eleitoral.
Nesta segunda-feira, Corina Machado - personagem central, junto com o candidato derrotado, Edmundo González, há mais de uma semana nas aberturas do Jornal Nacional - foi mais longe: usou a tela da Globo, dentro da programação da Globo News, para ameaçar não só o presidente Nicolás Maduro, mas todos os países da região, onde se inclui o Brasil, caso o mandatário reeleito não deixe o poder.
“Se Maduro decidir permanecer pela força, o que vem é um processo de desestabilização com enormes e terríveis consequências, não somente em vidas, mas também em destruição interna, e um processo de migração massivo que afeta e desestabiliza a região”, afirmou ela à Globo News.
Imediatamente, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdato Cabello, respondeu às ameaças feitas por Corina Machado através da Globo, acusando a opositora de promover o ódio e a insegurança no país como parte de um plano de “golpe de estado” já denunciado por Nicolás Maduro. Segundo ele, além de apresentar uma “documentação falsa”, a única estratégia da oposição extremista é “promover ações terroristas para atacar a ordem democrática do país”.
Sem citar a TV Globo, Cabello rechaçou qualquer forma de ingerência estrangeira nos assuntos internos da Venezuela:
“Não vamos permitir nenhuma ingerência. É o fascismo que os marca. Não assumem a responsabilidade do que fazem, vivem vendendo fumaça para nosso próprio povo.”
Comentarios