Corpos de Bruno e Dom Phillips foram encontrados, diz esposa

O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos há mais de uma semana na Amazônia, foram encontrados mortos, segundo informou Alessandra Sampaio, esposa do repórter, nesta segunda-feira (13) ao portal G1. Ela explicou que a Polícia confirmou que os corpos foram localizados, mas que devem ser submetidos a perícia.
No entanto, a Polícia Federal não confirma essa informação. "O comitê de crise, coordenado pela Polícia Federal, informa que as informações que estão sendo divulgadas não procedem", comentou.
As autoridades explicaram que foram encontrados "material biológico que está sendo analisado e pertences dos desaparecidos" e que quando tiverem mais detalhes "a família e a mídia serão imediatamente informadas".
Por sua vez, em entrevista nesta segunda-feira à rádio CBN Recife, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que as evidências levam a pensar que "será muito difícil" achar Bruno e Dom Phillips com vida e que "os indício levam a crer que fizeram alguma maldade com eles".
"Os indícios, os indícios, levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Porque já foi encontrado boiando no Rio vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para fazerem o (exame de) DNA. Pelo tempo, já temos hoje nono dia que isso aconteceu, vai ser muito difícil encontrá-los com vida", disse Bolsonaro na entrevista.
No domingo, vários objetos foram encontrados, incluindo uma mochila -amarrada a uma árvore-, um caderno e um par de sandálias perto da casa de Amarildo Costa de Oliveira, vulgo 'Pelado', o único suspeito detido pela polícia. dois homens.
Várias testemunhas disseram ter visto 'Pelado', 41 anos e pescador ilegal, perseguindo o barco em que Phillips e Pereira viajavam com seu barco. O homem negou qualquer ligação e denunciou que foi torturado durante sua detenção.
Desaparecimento
Phillips, 57, e Pereira, 41, foram vistos pela última vez no domingo, 5 de junho, após visitarem a comunidade de São Rafael, na Terra Indígena Valle de Javari, no Amazonas, onde tiveram uma entrevista com o líder da aldeia.
Depois tiveram que ir de barco até a cidade de Atalaia do Norte, na área indígena do Vale do Javari, mas nunca chegaram.
Desde o primeiro momento em que se soube do desaparecimento de Phillips e Pereira, patrulhas indígenas foram lançadas em busca dos dois homens. Enquanto isso, o governo Bolsonaro recebeu críticas acaloradas tanto nacional quanto internacionalmente por sua lenta capacidade de resposta.
Pressionado por críticas - até a ONU garantiu que o trabalho era "extremamente lento" -, Bolsonaro abordou o caso durante seu discurso na Cúpula das Américas na semana passada, em Los Angeles.
Pereira e Phillips
Pereira é um respeitado especialista em povos indígenas e em 2018 foi nomeado coordenador geral da área de Índios Isolados e Recentemente Contatados da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), mas teve licença.
Atualmente, trabalha com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) em um projeto de monitoramento do território. Pereira havia recebido inúmeras ameaças por sua luta contra invasões em terras indígenas.
A Terra Indígena Valle de Javari, na fronteira com a Colômbia e o Peru, é marcada por conflitos ligados a invasões de terras indígenas, tráfico de drogas, desmatamento e mineração ilegal que avança sobre os rios. E todos com estruturas de supervisão enfraquecidas, especialmente desde que a extrema-direita chegou ao poder.
O maior número de índios isolados do mundo também está concentrado nessa área.
Segundo O Globo, a última grande operação desses órgãos na área foi em 2019, quando Pereira ainda era coordenador da Funai das aldeias isoladas. Após essas ações, ele foi exonerado do cargo e pediu licença sem remuneração.
"Ironicamente, ele foi exonerado de seu cargo por fazer seu trabalho dentro da Funai (...) Então o convidamos para nos aconselhar", explicou Beto Marubo, coordenador da Univaja.
Phillips, colaborador regular do jornal The Guardian, mora com a esposa desde 2007 em Salvador, na Bahia. Com o apoio da Fundação Alicia Patterson, a jornalista está escrevendo um livro sobre conservação ambiental na Amazônia, cujo título foi 'Como salvar a Amazônia'.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, Michelle Bachelet, expressou preocupação com as crescentes ameaças de ambientalistas e indígenas no Brasil.
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